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Vultos estranhos em suas
danças surrealistas |
Sem que notasse, ele sumiu. Procurei daqui, procurei dali e nada. Puxei pela memória, refiz os trajetos, nada. Coloquei a família toda a procurar. Minha sogra fez promessas para São Longuinho, para São João e para todos os santos possíveis e nenhum sinal. Diante da negativa dos poderosos, novamente coloquei a família toda a procurar. Aos pequenos cheguei a prometer um incentivo, um prêmio, um agrado que pudesse aumentar a produtividade, aumentando assim o interesse na tarefa. Que, nada! As investidas foram infrutíferas, um verdadeiro fracasso.
Como tudo na vida serve para desencadear e aguçar a nossa percepção e o nosso conhecimento, cheguei a pensar na existência de alguma Lei da Física que relatasse o desaparecimento súbito de objetos. A mais pura bobagem é claro! Nem no Google nem em qualquer enciclopédia encontraria tal tratado científico.
O certo é que, de uma hora para outra, me tornei um órfão da minha visão. Os óculos sumiram, deixando-me com cara de Mr. Magoo. Sorte que contava com providenciais lentes de contato que usava muito pouco. Sempre na esperança de encontrar o danado dos óculos, segui usando, com certo desconforto, as lentes até o final de semana.