18/08/2011

A sogra

Dona Fausta, 80 anos de vida
A anedota é uma história curta, surpreendente, descompromissada, engraçada, cujo objetivo é levar o ouvinte ao riso. Para chegar ao intento não se medem esforços. Escolhe-se um personagem qualquer e, valendo-se de características pessoais, morais ou físicas, compõem-se breve roteiro que finaliza com algo engraçado. Saindo um pouco do sério, hoje vou contar aqui uma ou duas piadas colhidas sem muito esforço na internet. São por demais conhecidas e reveladoras, influenciando decididamente na formação de um estereótipo. 
O genro chega perto da sogra e a surpreende dizendo: “sogrinha, eu gostaria muito que a senhora fosse uma estrela!”.  Não cabendo em si de felicidade e encantamento, com um sorriso nos lábios, responde a sogra: “Quanta gentileza, genrinho. Por que você fala isso?”.  O genro então completa: “porque a estrela mais próxima está a milhões e milhões de quilômetros da Terra”. 
Para muitos a preocupação com a sogra vai além da sua morte: “A sogra do cara morreu e lhe perguntaram: - O que fazemos? Enterramos ou cremamos? - Os dois! Não podemos facilitar!”.
Estas são algumas das milhares ou milhões de anedotas que têm como personagem principal a sogra, que ladeia com o português, a loira e o papagaio  a primazia no ranking dos preferidos pelos brasileiros na galhofa, que sacaneia a todos indistintamente, conhecida popularmente como  piada.
O sentimento que se afere no verdadeiro bombardeio de anedotas sobre a sogra é de que ela se constitui num personagem maldito, desprezível. A ideia básica é de que a presença da sogra é desagradável ao extremo e que as relações familiares são azedadas sempre que ela dá o ar da graça. Porém, a anedota não tem compromisso com a realidade de todos. É um escracho, um chiste, uma gozação politicamente incorreta. Talvez, por isso mesmo, engraçada. 
Minha sogra, dona Fausta, completou 80 anos dia 13 de agosto, no sábado. Pelo menos no que se refere a ela, não há grandes motivos para piadas e gozações. Ao contrário, seu perfil desautoriza a pecha que o anedotário impõe. Quem a conhece sabe disso.  Seu coração é enorme, maior que o seu corpo franzino. É daquelas raras pessoas que se pudesse ajudaria a todos. Como o intento se revela impossível, dedica sempre uma prece, uma oração aos necessitados. Ora com fervor pela saúde dos bisnetos, dos netos, dos familiares e dos amigos. Mesmo os desconhecidos vez por outra a procuram em busca de conforto e de esperança. Encontram invariavelmente uma porta aberta, um ombro amigo e palavras de encorajamento e de fé.
Dona de uma história pessoal de luta e de superação, Dona Fausta é uma daquelas boas pessoas que passam por aqui. Com energia de sobra, não se fez de rogada e dançou alegremente a noite toda na sua festa de 80 anos. Tomara cheguemos lá nos nossos 80 (que ainda encontram-se distantes da nossa vista) assim como ela, com tanta vontade de viver e de servir.

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