Cartaz do filme Blade Runner |
O rapaz postou na rede social uma imagem de um pretenso estuprador retalhado e com o membro enfiado na boca. É chocante a foto e inúmeros são os comentários e o replicar da postagem como forma de vingança. Os jovens, como cães selvagens, se deliciam com a carne exposta. A animalidade sacramentada pelas ferramentas de então. Estado de Direito, quê nada! A vingança privada das massas anônimas. A carreta na frente dos bois como diria minha mãe.
A luta entre o bem e o mal. Não há tema mais corriqueiro, mais atual e, ao mesmo tempo, mais interessante. Cinema, teatro, romances, jogos. Os sujeitos que digladiam, invariavelmente, representam as duas faces.
Uma das mais belas obras de ficção científica produzida pelo cinema americano, o filme Blade Runner, de Ridley Scott, na época de seu lançamento (1982) aborda esta clássica temática. Não agradou à crítica, foi um fracasso de bilheteira, enfim passou batido. Contraditoriamente, anos depois se tornou cultuado. Eu mesmo só fui conhecê-lo em 1989, numa fugidinha da redação do Correio do Povo. Ali no Cine Imperial, numa das dezenas de reprises, me instalei numa poltrona. Saí de lá inebriado, contagiado. O Detetive Deckard, Harrison Ford, caçava pelas ruas da caótica Los Angeles, em 2019, um bando de andróides que mereciam morrer.
Os andróides, também conhecidos como replicantes, são humanos melhorados. Foram criados para realizar os trabalhos mais penosos. São mais fortes, mais rápidos. Porém, têm prazo de validade curto. Devem viver só quatro anos. O que os seus criadores não esperavam é que os seres se tornariam ainda mais especiais. Desenvolveram emoções. Rebelaram-se e vieram à Terra em busca de mais vida.
Deckard está na inatividade. Porém, foi chamado como último recurso. Só ele, um profissional de primeira ordem, poderá caçar os malfeitores, devolvendo novamente ao planeta a paz que merece. Na sua caçada implacável, o personagem de Harrison Ford vai eliminando sem pena, sem piedade e compaixão os malvados e indesejáveis andróides. Porém, ao longo da narrativa, o detetive não escapa ao encanto da bela Rachel, uma replicante de última geração. Matá-la ou não? Preservá-la? Escondê-la?
O ritmo lento, entremeado por perseguições e certo clima de tensão psicológica, a música penetrante do Vangelis e uma história interessante tornam o filme um daqueles que se pode dizer “vale a pena ver de novo”. Eu costumo vê-lo regularmente. Até comprei o DVD com a versão do diretor. Muito embora o final tenha sido alterado, vez por outra me delicio com esta obra magistral da ficção científica oitentista. O mais interessante, porém, é que os malvados vão se tornando mais humanos e os mocinhos vão mostrando seu lado mais sombrio ao longo da história. As cenas finais do duelo entre o detetive e o replicante Roy (Hutger Hauer) é impagável. Roy comove ao se mostrar sensível, compreensível e valorizando sobremaneira a vida e tudo o que viu e ouviu.
Pois agora, em pleno 2012, 30 anos depois de seu lançamento, se diz que Harrison Ford já foi contatado e aceitou reviver o Detetive Deckard. As notícias são controversas. Alguns dizem que ele estará no papel principal outras garantem que isto não é verdade. Seja como for, fãs incondicionais de Blade Runner, aguardem! A luta do bem contra o mal não para por aqui.
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