Um terremoto que destrói centenas de prédios, milhares de vidas consumidas, corpos resgatados dos entulhos. Um tsunami que inunda cidades, destruindo ruas, pontes, praças, engolindo gente. Pessoas procurando familiares que se perderam. Falta de luz, pane na comunicação. O deslocamento das placas tectônicas e a violência das águas causaram outros males. Atingiram usinas nucleares. Caos. Não é o apocalipse, o fim do mundo, o final dos tempos. Muitos dramas num mesmo lugar. No Japão. Tão distante dos olhos, tão presente nestes tempos de instantaneidade da informação. A força incontida da natureza mostrando novamente as garras. Tem sido comum nos últimos tempos.
Os dramas pessoais comovem. O jornalismo amplia. Uma foto mostra um solitário cidadão passeando sobre escombros. Ferros retorcidos que antes eram carros. Monturros de pedra, areia, cimento e cacos de vidro que juntos formavam vistosos prédios. Um senhor idoso resgata um álbum de fotos da família no meio do entulho. Crianças, idosos, mulheres e homens com máscaras. Soldados com roupas especiais medindo o nível de radiação.
A dor dos japoneses é intensa. Porém, os orientais são silenciosos. Disciplinados, creem na perfeita integração do homem com a natureza, que forma a base de sua religião milenar, o Xintoísmo. Ao longo do tempo, os japoneses desenvolveram grande capacidade de adaptação. As frequentes catástrofes naturais, que impõem perdas e sofrimentos, certamente contribuem para esta fé oriental.
A dor dos japoneses é intensa. Porém, os orientais são silenciosos. Disciplinados, creem na perfeita integração do homem com a natureza, que forma a base de sua religião milenar, o Xintoísmo. Ao longo do tempo, os japoneses desenvolveram grande capacidade de adaptação. As frequentes catástrofes naturais, que impõem perdas e sofrimentos, certamente contribuem para esta fé oriental.
Os repórteres, em suas coberturas diárias, destacam que o povo japonês, mesmo diante de verdadeira destruição de cidades, não demostra desespero. É incapaz de um gesto mais largo, mais dramático. É contido em seu sofrimento. Disciplinado, segue as orientações dos técnicos.
Este silêncio, aliás, estende-se a todos os povos do Oriente. E isto vem de longa data. Já Lao-Tsé, em seu Tao-Te-Ching, que segundo consta foi concebido cerca de 500 anos antes de Cristo, na China, apresenta em um dos seus 81 poemas a necessidade do silêncio mesmo diante da catástrofe. Destaca o criador da religião do Taoísmo:
“...não desespera quando rugem os tufões
porque sabe que não tardam a passar:
sabe que uma chuva não dura o dia todo,
é produzido pelo céu e pela terra;
Se tudo é tão inconstante, como não o seria o homem?
Por isto o que importa/ é a atitude interna,
Isto é: adaptar-se em silêncio
a todos os acontecimentos...”.
Se os tempos findarem no Oriente não ouviremos choro, nem desespero. Creem na natureza. Sabem que o drama de hoje será superado. Guardam suas energias para reconstruir o que veio ao chão. Durante sua história já fizeram isso por mais de uma vez.
Mesmo trazendo dor e sofrimento, as tragédias apresentam, também, um viés pedagógico. O silêncio do Oriente é uma dessas lições que precisamos entender.
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