Simplicidade nos trajes do homem pré-histórico |
Não se sabe ao certo quando iniciou o costume humano de cobrir o corpo. As primeiras vestes, afirmam os estudiosos, eram pedaços de peles de animais largados aleatoriamente visando reduzir o impacto das intempéries. Já na Pré-história, identificam-se os primeiros sinais de que a roupa poderá diferenciar os homens. O valentão, que eliminou um urso, desfilava garbosamente introduzindo aquilo que, milhares de anos depois ficou conhecido como marketing pessoal. Esnobismo, exibicionismo e outros ismos são, assim, meras decorrências do ato primitivo.
Ao longo dos anos surgiram as preocupações com conforto e identidade cultural. Os animais seguiram fornecendo a matéria-prima para a confecção das roupas. As peles inteiras foram abandonadas. Porém, desenvolveram-se técnicas para aproveitar os fios de pelos dos bichinhos que, estrategicamente tramados, resultavam em distintas vestimentas. Não bastava mais aos valentões derrubar ursos. Essencial mesmo era o fino trabalho de transformação que se impunha.
Conta-se que na Antiguidade, no Egito, somente os adultos ricos usavam roupas. As crianças e a ralé transitavam pelo reino como vieram ao mundo. Pelados. Já os persas são os precursores do estilo. Para eles não bastava a roupa. Tinham cuidado especial com o conforto, com a qualidade do tecido, com o corte e com a precisão nas medidas. Talvez por aí tenham surgido os primeiros estilistas, as costureiras, as modelistas, enfim, essa gente que brilha ainda hoje no São Paulo Fashion Week e nas passarelas de todo o mundo.Brincadeiras a parte, roupa é coisa séria. Séria demais até para o Mahatma Gandhi. O sábio idealizador e fundador do estado indiano introduziu o costume da fabricação própria das roupas, numa cruzada contra a indústria têxtil da Inglaterra. De posse de um antigo tear, Gandhi tecia sua roupa. Certa feita, Mahatma foi convidado por autoridade inglesa para uma solenidade. Porém, como se encontrava com vestimenta tradicional de seu povo foi contido pelos seguranças, que o impediram de entrar. O líder hindu foi para casa e enviou por um emissário um pacote endereçado ao inglês. Dentro um terno. O governador inglês, estranhando sua atitude, telefonou para Gandhi e ele disse calmamente: “Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe enviei o meu terno!”.
Evidente que não vamos chegar a tanto. A roupa é uma instituição humana. Cumpre seu objetivo de manter corpos aquecidos e longe dos olhares indiscretos. Porém, nos dias atuais atinge uma importância desmedida. Valorizam-se muitos mais as marcas, as grifes, a procedência do que qualquer coisa. Talvez até se reescrevam alguns ditos populares: “Digas o que vestes e te direi quem és!”.
Quem nunca se sentiu medido da cabeça aos pés, em algum lugar? De quem são estes olhos que buscam valorar o outro pelo que vestem? Olhos de raio X! O que enxergam não é a essência. Enxergam o terno, não o homem. Vislumbram a bota, a blusa e a bolsa. Não chegam ao essencial. Este está escondido. A essência não tem marca, não tem grife, não tem preço, é inalienável. Ela é diferente em cada um de nós. Os corpos são o meio, as vestimentas meras alegorias. Nada mais do que isto!
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