12/12/2012

Bloco de notas


Perfil - No passado, em regra, o fim de um relacionamento trazia consigo certa dose de dor, de compaixão dos verdadeiros amigos, de recolhimento. Agora parece que se transformou em troféu. A maior das preocupações, nos tempos atuais, parece ser a mudança no perfil na rede social. “Fulano de Tal atualizou o perfil de relacionamento sério para disponível”. 
É possível imaginar até o espocar de fogos de artifício. Os tempos são outros.

Pode crer” – A expressão “pode crer” ou “podes crer” é uma daquelas que foi enterrada com a passagem do tempo. Era usada com regularidade pela juventude urbana na distante década de 70 do século passado. A expressão era daquelas que valia para tudo. 
-Vamos dar uma volta? –Podes crer!
-É verdade que a Maria trocou o Manoel da padaria pelo João do Armazém? – Podes crer!
Em certo ponto “pode crer” representava o papel do curtir das redes socais. Alguém hoje posta: “Um grande drama se abateu nesta quinta-feira: saí de casa cedo, no caminho do trabalho fui assaltado, na chegada o chefe me demitiu, pelo celular me informaram que o Oficial de Justiça estava lá em casa com uma Ação de Despejo, voltando para casa sofri um acidente. Estou hospitalizado!”. 
Fulano, Cicrano e Beltrano curtiram. 
-Curtiram o quê, caras pálidas?

Amizade Virtual – Quantos dos amigos virtuais convidaríamos para cinco minutos de prosa? Quantos são os que passam por nós neste mundo material que nos cabe e nos cumprimentam? É normal ficar perguntando quando passamos por um algum amigo virtual, “eu conheço esse cara de onde mesmo?”.

Zoação – Há dose cavalar de irresponsabilidade nestas pegadinhas que algumas rádios FMs fazem. Lá na Austrália a estratégia da zoação levou enfermeira a Jacintha Saldanha ao suicídio. Com a desculpa de arrancar alguns risos na dileta audiência, comunicadores desconhecem totalmente a ética e a moral. Rir nem sempre é o melhor negócio.
Aqui na província, a turma do Casseta, do Pânico e outros menos votados vez por outra escorregam pela zoação barata. Não curto! Não compartilho. Só comento!

Dia desses – Dia desses a gurizada postou na rede uma imagem de enforcamento. Na foto a indicação de que aquilo ocorria em determinado país. Os mortos eram políticos corruptos. Foram infelizes, pois escolheram um país com regime ditatorial. Sabe-se lá que vítimas eram aquelas cujos corpos pendiam em guindastes. No impulso publiquei comentário dizendo que talvez fossem vítimas da opressão de um governo bárbaro, corrupto. Talvez fossem opositores, resistentes. Pessoas normais que queriam a liberdade. Talvez o crime fosse somente pensar diferente.
Um que outro não gostou. Outra publicou uma série de letrinhas iguais. Não sei se era xingamento, se era reprovação ou aprovação.
Sei lá, na rede se vê cada coisa!

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