11/08/2017

Os Ratos e a Revisão

Quem trabalha com impressos sabe muito bem: é necessário revisar, revisar e revisar, sempre. Mesmo assim, revisado, revisado e revisado, o produto final pode surpreender o leitor mais atento. Jornais e revistas já foram às bancas com erros constrangedores nas capas, contracapas e matérias especiais. É da vida. Há alguns erros que se tornam clássicos como o de um jornal do interior do Paraná que publicou uma manchete tentando acalmar a população local que passava por num momento de grande preocupação com surtos de gripe: “Gerente da Saúde garante que não vai faltar vagina”. Imagino uma corrida às bancas para garantir o curioso exemplar.
Vez por outra, ao ler o texto impresso aqui na coluna, noto alguns deslizes, notadamente erros ortográficos ou mesmo de digitação. Os leitores certamente notam também. Não consta que a chefia tenha recebido e-mails, cartinhas e reclamações neste sentido. Pode até ser que isto tenha ocorrido, mas, ao menos até o presente momento, não fui reprimido pela direção deste periódico. Assim mesmo, como um habeas corpus preventivo, visando reparar futuros erros, peço aqui sinceras desculpas aos leitores pelos erros cometidos ao longo destes anos todos e pelos que ainda virão. É claro que não vou ficar aqui relaxando. Tento semanalmente entregar um texto limpo, claro e sem erros. Mas, como ocorre com alguma persistência em nossa caminhada, nem sempre atingimos os objetivos.


Os Ratos – Consta que os animais reuniram-se para criar uma peça teatral. Aos ratos coube interpretar o papel dos homens. A história girava em torno de uma disputa de poder envolvendo afastamento de lideranças eleitas, pagamentos de altas propinas, investigações, traições, retirada de direitos das classes menos abastadas e concessão de benefícios aos privilegiados. De quebra ainda cabia na história uma espécie de julgamento de um dos chefes que teria comprado a derrubada de um de seus antecessores. Tudo muito esquisito. Um drama com alguns momentos de comédia pastelão. Uma peça mal escrita. Havia ratos no executivo, no legislativo e no judiciário. A assembleia estava lotada. Os roedores faziam barulho. Refestelavam-se sem comedimento. Não havia constrangimento. No fim, vibraram muito. A tevê transmitia a peça ao vivo. Alguns correram nas redes sociais para comentar o quanto os atores eram convincentes. Os meus olhos, no entanto, viam tão somente ratos. Sorridentes ratos.  

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