Pouco mais de 4% da matéria que compõe o universo é conhecida |
Um pouco mais de 4% de tudo o que
existe no universo é conhecido. Mesmo que não seja muito bom em matemática,
posso deduzir, com algum grau de certeza e sem medo de falar uma besteira, que algo
em torno 96% de tudo o que há por aí, entre vivos, mortos, vistos e sentidos
são meros desconhecidos. Ora, a física explica, então, uma pequena parte dos
fenômenos existenciais porque o desconhecido, por si só, não tem
explicação. Talvez por isso mais sábio é
quem admite que nada sabe, ou pouco sabe,
do que quem arrota sua sabedoria no contato privado ou socialmente através das
redes sociais.
Diante disso tudo crescem
sobremaneira os conceitos relacionados às possibilidades em detrimento daqueles
ligados às certezas. Como ter certeza se o desconhecido é imensamente maior do
que o conhecido? Eis a questão.
A academia, centrada sobre as
certezas construídas a partir da observação e da reprodução dos fenômenos em
laboratório, vez por outra tripudia e valoriza o pouco que sabe. As ciências
estabelecidas firmam padrões, cobram fidelidade. E aí, hoje ovo faz mal, amanhã
faz bem. Um pouco de vinho ao meio-dia é um santo remédio, amanhã não é mais.
Nesta luta renhida entre o saber e
a especulação até gênio paga mico. Que se dirá dos atávicos? Albert Einstein,
que compreendia o mundo como poucos, acreditou que construir a bomba atômica
seria um ganho para os americanos em relação a Hitler. Apostou, ainda, que os
princípios da Física Quântica eram meros devaneios e que aquelas equações não
tinham o condão para explicar o funcionamento das coisas. Morreu aos 76 anos e,
não obstante sua contribuição para a ciência, sofreu duas derrotas. Uma bomba é
uma bomba sempre. Nas mãos de americanos ou de alemães causa o mesmo estrago. A
Física Quântica, por sua vez, apesar de pouco compreendida, está por trás dos
maiores avanços dos tempos atuais.
Os orientais - não estes que
estão aí vendendo ações na Bolsa de Valores de Nova York, nem copiando marcas
famosas para vender tênis e camisetas para o terceiro mundo-, os verdadeiros
orientais que estão nas páginas dos surrados livros, valorizam o silêncio como
expressão de sabedoria. Nada mais certo. Falar demais com demasiada certeza
leva ao engano. Lao-Tsé, um chinês sábio sobre quem residem dúvidas se
realmente existiu, revela no Tao-Te-Ching que “quem conhece a sua ignorância
revela a mais alta sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais
profunda ilusão”.
E
os mortais, que ilustram seus perfis na rede com seu sorriso mais belo, morrem
a cada dia quando defendem verdades inatacáveis na política, no esporte, na
justiça e na filosofia. Carregam certezas. Não dão espaço para milhões de
possibilidades que estão por aí, loucas para se tornarem reais. “O sábio
conhece o seu não-saber. E essa consciência do não-saber o preserva de toda a
ilusão”. Quem admite não saber? Nos dias
de hoje? Ninguém!Saiba mais:
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