02/08/2019

Vencer o tempo: essa é a questão?


Do Suplemento Mundo das Ideias
Por Fabiano de Souza Marques*

Não há tempo mais para nada! No meu tempo era melhor! Corra! Você não pode perder tempo! Tempo é dinheiro! Perdemos a chance. Não dá mais tempo. O tempo urge, então corra! O que está ocorrendo com o tempo? Qual é a necessidade que temos de preencher o tempo? Por que falamos isso?
Vivemos num momento em que o tempo anda acelerado? Mas como assim, o tempo está acelerado? Estamos correndo mais do que nossos antepassados? E nossos filhos correrão mais e mais rápido para vencer o tempo? Podemos dizer que tempo escorre pelas nossas mãos? Percebemos as relações humanas cada vez mais efêmeras.
Na era primitiva a jornada humana se dava na relação com tempo ligado às questões de sobrevivência. Elas aconteciam por observação de elementos naturais como o Sol e as Estrelas, pela vivência em cavernas, pelas caçadas, pelas lutas entre as tribos, pelas conquistas de outros territórios entre outras situações.

Para o grande físico Albert Einstein o tempo é relativo, ele não pode ser medido do mesmo jeito em todos os lugares. Já nas grandes navegações séc. XV, o tempo e a direção se davam pela navegação a vela. Segundo a história, Cristóvão Colombo levou dois meses de viagem para chegar ao Novo Mundo. Os veranistas para ir de Novo Hamburgo para Tramandaí demoravam uma semana para chegar à praia, pois vinham de carreta de boi por caminhos difíceis e intransponíveis.
Hoje pela rodovia BR 290, mais conhecida como Freeway, se não estiver congestionada, uma viagem de carro de Porto Alegre a Osório, dura em torno de uma hora, e chegamos a tempo de passar no supermercado e comprar algo para comer ou fazermos um lanche rápido para dar tempo de ir à praia.
Hoje um avião atravessa o oceano atlântico em dez horas. O tempo de voo entre Porto Alegre e Lisboa é de mais ou menos onze horas. Preste atenção! Você sair de Porto Alegre às sete horas da manhã e mais ou menos às vinte horas jantará em um restaurante de Lisboa.
Nas minhas últimas pesquisas, me deparei com esse problema: ter tempo. Em uma das minhas leituras, pude analisar um pouco esse algo a ser alcançado, aniquilado e vencido. Sempre tenho que cumprir prazos, leituras, escritas, cursos, escolas, família entre outros afazeres. Vencer o tempo, é preciso! Essa é a questão. Nobert Elias, sociólogo preocupado com o seu tempo, nos diz que não podemos forjar o tempo, na sua individualidade, pois não se pode separar da sociedade o tempo. A estruturação do tempo está ligada a simbologia que ele exerce tal força sobre nossa existência como sociedade, no nosso caso, representado pelo relógio.

Cada civilização teve na sua existência um modelo de tempo, em velocidades diferentes. O tempo sempre foi o mesmo, tangível ao ser humano. A questão é: como nós seres humanos evoluídos vamos lidar com o nosso tempo?



* Fabiano é Geógrafo Licenciado em Geografia, pesquisador e escritor. Especialista em Metodologia de Ensino na Educação Ambiental. Especialista em Sociologia. Mestrando em Educação Profissional UERGS. “Coordenador do Projeto de Educação Ambiental “Pé na Areia”, no município de Osório - distrito de Atlântida Sul, RS - Brasil”. 


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