O drama da baleia jubarte, encalhada em Capão da Canoa, foi assunto de dias. Apesar dos esforços dos técnicos e da enorme torcida, o cetáceo, após penoso trabalho de remoção do banco de areia, insistia em encalhar novamente. Foram dias de agonia, uma desesperada briga para salvar o animal. Por fim, a realidade. Acometida de uma doença, a baleia queria mais era o descanso, um cantinho para estacionar e morrer.
Comovente também tem sido a luta do tricolor gaúcho. Tal qual a jubarte, encontra-se encalhado numa zona rasa e de lá teima em não sair. A luta é penosa. Às vezes parece que a maré finalmente subirá e que logo, logo, ganhará o oceano. Porém, advém nova maré baixa e a tentativa e o esforço mostram-se vãos. Sucedem-se os erros. A desorientação, o desatino, talvez determinados pela vontade excessiva, vai maneando os jogadores de tal forma que as soluções não vêm.
O drama do time, no entanto, é diferente do da baleia. Embora em algumas partidas a desenvoltura dos atletas em muito se assemelhe ao do cetáceo, que pesadamente se move; do lado de fora, a expectativa é distinta entre as torcidas. Prensada entre a glória de um e a desgraça de outro, a rivalidade anda aí aparece, revelando a sua face mais cruel. Não basta vencer. Bom mesmo é sapatear sobre o cadáver de alguém.
Exagero, dirão alguns. E bem que pode ser. O certo é que tenho colhido depoimentos de gente sofrida, envergonhada com a situação de seu time. O futebol tem disso. O torcedor é passional. É cúmplice. Quando o time ganha ele próprio é o campeão. Na derrota a dor, às vezes, é o sentimento muito mais cultivado pelo humilde do que pelo elenco. Até porque eles, jogadores, dirigentes, são os profissionais. Não podem sucumbir a cada desempenho desfavorável.
O campeonato é longo. Há de se ter calma. É um verdadeiro oceano. Para o torcedor, porém, assustado com o desempenho ridículo, com a defesa que vaza, com o meio que não desempenha a contento e com o ataque que por vezes é eficaz, cada rodada é um campeonato. Cada derrota é um sofrimento.
Exagero, alguns dirão. Quem sabe o sol de primavera abra as janelas para o Renato e sua turma. Logo ali saberemos se o inverno tricolor seguirá em curso, se a zona desconfortável é um banco de areia onde ele procura a morte ou se é um estágio temporário de onde sairá para conquistar novamente os oceanos. O tempo dirá. Aguardemos!
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