Um dos aspectos mais importantes da comunicação humana é a existência da palavra. Imagino o quanto era difícil ao homem primitivo se fazer entender sem ela. Com certeza o processo era embaraçoso, difícil, intrincado. Talvez por isso se tenha a ideia de que os primeiros humanos eram bem mais nervosos. Também pudera o diálogo não se estabelecia por absoluta falta de meios.
A palavra surgiu como uma convenção suplantando gestos e grunhidos. É um código, um símbolo, estabelecido previamente visando expressar ideias. De certa forma trouxe um pouco de paz e de tranquilidade naqueles tempos tão duros, onde o homem tinha que enfrentar uma fera a cada instante na luta para alimentar o corpinho e, ainda, cuidando para não se tornar o prato principal de outrem.
A palavra não surge assim sem aviso em nossas vidas. Há todo um treinamento para que o indivíduo se constitua num ser falante. A mãe instintivamente vai largando a conta gotas sílabas, de forma espaçada. "Ma ma, pa pa". O pai mais impaciente, logo após adornar o pimpolho com a camisa do tricolor ou do colorado, já deseja vê-lo cantando o hino do time preferido. Porém, a palavra é uma conquista que vem chegando aos poucos. No início balbuciada docemente, entre risos e chorinhos de manha, quase de maneira ininteligível. Quando surgem as primeiras palavras ditas pelo bebê e uma verdadeira magia, ela reverbera nos ouvidos dos pais corujas. São comentadas e alardeadas pelas mães de primeira viagem.