Nova Iorque - 1857 - 08 de março - greve liderada por mulheres |
A mulher é dona de uma história cheia de marchas e contramarchas. Ao longo dos séculos o gênero feminino experimentou estados opostos: de deusa a bruxa, de poderosa (na sociedade matriarcal) a despossuída (na sociedade patriarcal), de dona do lar a dona do pedaço.
Ao longo desta longa caminhada, a mulher foi silenciosamente ocupando os espaços possíveis, sofrendo com as perdas, pagando a conta pelas mudanças culturais e pelas disputas de poder. Entre os povos antigos, diz-se que os Egípcios foram os que mais admitiam direitos às mulheres. Elas podiam possuir bens, vendê-los, celebrar contratos, casar, desquitar, receber herança e peticionar. Se o homem morresse poderiam assumir a família e mesmo a administração do estado.
Porém, apesar do casamento monogâmico, podia o homem, se seu patrimônio assim autorizasse, contar com um plantel interminável de suplentes, as concubinas. Era um sinal de poder. As mulheres, por sua vez, se tentassem a mesma sorte eram sumariamente assassinadas. Imaginem o que não acontecia nas sociedades menos evoluídas de então?
O tempo passou, as mulheres saíram da cozinha e do tanque para conquistar os espaços que lhes cabiam pelo mundo afora. Porém, isto não ocorreu graciosamente. Foi necessária a realização de uma verdadeira revolução nos costumes. As expoentes primitivas pagaram com suor e sangue a ousadia de se erguerem contra os princípios de uma sociedade machista.
O que para nós, hoje, parece pacífico, num passado não muito distante parecia uma utopia. Não só para os homens. As próprias mulheres, muitas vezes, não acreditavam que poderiam passar de meras coadjuvantes a protagonistas de sua própria história. Largar as lidas domésticas, o cuidado com a casa, abandonar os filhos para investir em uma carreira profissional que atendesse a sua necessidade parecia um fardo muito grande.
O tempo, que guarda as respostas para tudo o que há, demonstrou que o sacrifício das mulheres não foi em vão. Não há qualquer impedimento que obste o acesso das mulheres em ofícios ou profissões. Não só nos escalões menores, mas nos altos graus de mando, como a administração pública, a mulher está presente.
Há, no entanto, neste mesmo tempo, em nosso planeta, subsistindo culturas altamente opressoras, onde é a mulher submetida a um tratamento desonroso. Onde o chicote ainda canta em alto e bom som calando as supostas ousadias, onde as ditas impuras são apedrejadas, onde o homem teima em manter viva uma história que não mais se sustenta.
A revolução feminina ainda não terminou. Resta sofrimento pelo mundo afora. Há locais em que homens e mulheres não são iguais. Como bem alerta Simone de Beauvoir, “enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, política e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.”
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Gostei do exposto. Um bom raciocínio da evolução do espaço da mulher na sociedade.
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