Nostradamus |
Não é só em São Francisco de Paula que há temor pelo fim do mundo. Em todo o planeta pipocam os partidários de que a Terra chegou a 2012 e daí não passará. Aliás, esta crença é muito antiga. Conta-se que os europeus sentiam-se na ponta da espada. A espada descia mais sobre suas cabeças quanto mais se aproximava do ano 1000. A paranoia era tanta que nenhuma obra era iniciada, os governantes relaxaram, as pessoas passaram a aguardar o fim dos tempos.
E o tempo chegou. E, "milagre, supremo milagre!" o sol continuou a brilhar cada vez mais forte. A neve continuava a cair onde devia. E a vidinha continuou a de sempre. Os miseráveis, que se consideravam livres das dores e dos sofrimentos, continuaram carregando seus fardos. E os poderosos e exploradores continuaram em dia com a sua fúria.
Porém, os arautos do desastre que não houve foram convocados a darem suas explicações. A mais óbvia delas, alguém, desavisadamente, havia errado nos cálculos. Como naqueles tempos não havia estagiários para levar a culpa, então debitaram na conta de Júlio César e de Augusto César, imperadores romanos que reformaram o calendário incluindo dois meses (julho e agosto), a imprecisão na data do fim dos tempos.
A história se repete em ciclos. E, ano 2000, novamente o frenesi voltou à tona. As previsões funestas, embaladas por expressões pinçadas do grande Nostradamus, anotavam que o ano de 1999 era fundamental para o novo fim do mundo. Lá se vão os paranóicos buscando sinais aqui e ali de que efetivamente o caos seria instalado na Terra.
O bug do milênio, um erro na programação de computadores – que não estavam preparados para pular de 99 para 00, daria a partida para uma situação apocalíptica. Os aeroportos entrariam em colapso, as naves cairiam, as sinaleiras deixariam de funcionar, os hospitais seriam atingidos, a distribuição de água, de energia, de gás etc, etc e etc. O que se viu? Um ou outro voo atrasado. Um outro probleminha aqui ou acolá e pronto.
Depois de tudo isso, quando achávamos que essa gente sossegaria o facho, surgiu a história de 2012. Os maias, segundo muitos, cravaram no seu calendário de que a vida na Terra chegará ao fim no dia 21 de dezembro de 2012. Filme catástrofe de Hollywood, páginas e páginas de jornais e revistas, analistas sérios e opiniáticos de plantão se voltam a responder: afinal de contas, isto faz sentido?
O prefeito de São Francisco acha que sim. Acredita que o Litoral Norte será devastado por um tsunami. Preocupado, reservou um pouco mais de recursos para aumentar as provisões de merenda escolar. Estabeleceu tal de diz-que-me-diz que tomou conta da cidade. Alguns acham graça, outros nem tanto.
No entanto, estudiosos sobre os maias já decretaram: eles jamais fizeram uma afirmação dessas. O calendário deles é tão complexo que permite inúmeras especulações. Alguns, porém, vão mais longe. Como diz a jornalista Laura Castellanos, autoria de 2012, Las Profecias del Fin del Mundo, esse tipo de efeméride é reforçada por um crise ideológica, religiosa e social.
Não se convenceu? Pois bem, então compre um sítio em São Francisco de Paula. Aliás, por via das dúvidas pedi a um amigo corretor que fizesse uma pesquisa. Olha, os preços estão pela hora da morte!
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