Você senta confortavelmente diante do computador. Busca uma ideia para desenvolver um texto. Em busca de inspiração, abre os sites de notícias. As manchetes, no entanto, parecem ser as mesmas de ontem e de anteontem: frio e neve na Serra, tempo que melhora, sol que volta, dias sem chuvas, dólar que dispara, time desfalcado etc e tal. Sem aviso prévio, o copinho de café, fumegante, cai no seu colo. Suas calças ficam quentes. O chão em sua frente fica melequento. “É um sinal”, talvez seja a reação mais natural. Sinal do quê?
Os homens primitivos usavam e abusavam da crença nos oportunos sinais emanados pela natureza. Não era incomum um evento fortuito ajudar aqueles seres na solução de alguma questão. Uma ave que voava naquele exato momento, uma nuvem que cobria o sol criando um pequeno e inusitado reduto de sombra, um raio, um trovão, um mar arredio, um vendaval qualquer, um espirro, uma dor num dos pés. Tudo o que era inesperado (ou nem tanto) apresentava-se como um sinal dos deuses. E este sinal autorizava a tomada de uma decisão. A sorte de quem estava diante do sacrificador era contar com uma interpretação favorável. Caso contrário, adeus cabeça!
Santa fé, Batman, diria o Menino Prodígio, naquele seriado antigo da tevê. Ops, isto é um sinal! Por que lembrar o Robin numa circunstância destas, hein? Sim, é um sinal! Sinal de que já estamos numa idade um pouco avançada, eis que o referido programa norte-americano foi reprisado por aqui até o início dos anos 80. Ou, ainda, sinal de que estamos nos aprofundando nas pesquisas, pois o YouTube tem vídeos e mais vídeos do Batman e Robin dos anos 60 e sua linguagem inovadora. Ação e humor.
Em busca de sinais, de mensagens cifradas ou subliminares, há pessoas que gastam algumas horas de suas vidas. Alguns chegam a ouvir músicas ao contrário, a rodar filmes quadro a quadro, a ampliar imagens dos rótulos de produtos. Haja criatividade. No mais das vezes o que buscam é alguma evidência, tênue que seja, de que aquele produto está relacionado com algo diabólico. Um simples ruído diferente encontrado no disco, um rabisco num logo, uma imagem diferente num vídeo e a tese do sinal está definitivamente comprovada. Que o digam a Xuxa, o Roberto Carlos, The Beatles e tantos outros que estão associados com o que de mais demoníaco há neste mundo.
E o líquido que caiu no seu colo, agora há pouco? No mínimo convém mudar de roupa, sob pena de, ao cruzar pelas pessoas na rua, espalhar o aroma do café na forma de uma mensagem oculta.
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