A teoria na prática é diferente, dizem alguns. Porém, sabemos que teoria e prática são coisas distintas, bem delineadas. O conhecimento prévio, acadêmico, é a teoria. A prática é a ação livre, embasada em uma teoria ou não. Sem medo de ser redundante (e sendo) poderíamos dizer que teoria é teoria e prática é prática. O ideal é que a teoria sirva de inspiração para a vida prática.
Na vida cotidiana, no entanto, isto é o que menos acontece.
É verdade que devemos falar com a mais completa honestidade sobre as coisas. Li em uma boa obra que ao falar devemos transmitir mensagens efetivas. Ou seja, ao dizer bom-dia a alguém devemos flexionar nossa voz impulsionada pelo sentimento que vem de nosso íntimo ser. Assim, a nossa saudação impulsionará energias de tal forma que a pessoa sinta que realmente queremos que ela e nós tenhamos um dia venturoso.
Intuitivamente, no entanto, antes mesmo de contar com este conhecimento teórico, já exercitava por estas instâncias a busca pela efetividade da mensagem. Houve um dia em que entrava num prédio e, talvez impulsionado pelo sol brilhante que me acompanhava desde a minha casa, me dirigi a uma pessoa conhecida de longa data. “Olá, bom dia! Como tem passado? Tudo bem?”.
Silêncio no ambiente. Penosamente, após segundo de reflexão, ela me devolveu algumas palavras que não estavam no mesmo nível de vibração. “Porque me dizes isto? Por acaso acreditas que eu não estou bem?”, tudo isso dito com um tom de voz entre desafiador e sofrido. Repulsivo, mesmo.
Confesso que fui surpreendido e fiquei sem palavras. O melhor que pude fazer foi pedir desculpas e seguir em frente. Claro que nas outras vezes que a vi evitei cumprimentá-la. Vai que um dia ela estivesse verdadeiramente armada e diante de um simplório bom-dia me desferisse um tiro. Sei lá, nunca se sabe o que passa pela cabeça dos outros!
Nem sempre um sentimento sincero é recepcionado pelo outro como algo verdadeiro. Os desconfiados que o digam.
Lembro que há alguns anos atrás, décadas talvez, uma reportagem da televisão sobre racismo no nosso Estado ouvia algumas pessoas na Rua da Praia, em Porto Alegre. A pergunta era direta: “você é racista?” Não, responderam todos. Um deles, porém, foi sincero ao extremo. Questionado como reagiria se sua filha casasse com um negro, disse, “aí é outra história, eu, realmente, não gostaria!”. Ou seja, com outros tudo bem, lá em casa nem pensar.
A teoria, como se vê, é uma coisa. O problema é quando entra a tal de prática na história.
É o que vem ocorrendo com o Tricolor gaúcho na presente competição. Na teoria um time que se posta com três defensores, mais três volantes tem que obrigatoriamente ficar atrás para não perder o jogo. Na prática, porém, no Campeonato Brasileiro, a equipe vem fazendo os gols que vinha sonegando desde o início do ano. Os comentaristas esportivos estão atabalhoados. Um deles chegou a dizer no rádio, com certo ar de secação, algo do tipo “o treinador está contrariando tudo o que conhecemos, vai chegar uma hora que tem que dar errado”.
Credo! Morreremos velhos e não veremos e nem ouviremos tudo!Outras coisas sobre Teoria e Prática:
Teoria e prática na educação.
Teoria e Prática por Paulo Freire
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