Inês não
desejava um reino. Não queria ser uma rainha. Vivia na corte, é
verdade. Era dama de companhia da D. Constança, uma princesa doente.
Inês era jovem e bela, era loira e tinha os olhos verdes. Nas suas
veias corriam sangue nobre galego. Porém, por ser filha ilegítima,
era tida como uma plebeia qualquer. A morte de D. Constança mudará
sua vida. Inês sairá de sua posição de subalterna e conquistará
o amor de sua vida, nada menos que o príncipe galanteador Pedro.
Viúvo não resistirá aos encantos da menina. E vai amá-la com toda
a sua dedicação como jamais amara alguém. E seu romance entrará
para a história da Corte. Enquanto ama sua pequena Inês, não
desconfia o Príncipe que seu amor um dia servirá de inspiração
para versos que surgirão da pena de Camões.
27/05/2014
O amor de Inês
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25/05/2014
A pequena aldeia
Quem poderia afirmar no passado que o nosso grande mundo viraria uma pequena aldeia?
Até o final do século passado, o tempo transitava calmamente, cerimonioso, cumprindo seu ritual sem pressa. Morosamente ia engolindo os segundos e os minutos como quem degusta o doce preparado pela mamãe, após um almoço familiar de domingo.
O panorama mudou drasticamente. Nos dias atuais, tudo é tão rápido e tão rasteiro. Parece até que os relógios foram contaminados pela pressa dos fast-foods. Ao invés de saborear, o tempo vai consumindo sem medo de indigestão os dias, as semanas e os meses.
Contribuiu para esta mudança significativa o aperfeiçoamento das comunicações e uma melhoria extraordinária nos meios de transporte, que ficaram mais rápidos e mais baratos, reduzindo as distâncias e possibilitando que mais pessoas cruzassem as fronteiras. Viajar deixou de ser um privilégio. Virou um costume.
20/05/2014
O navegante
Azulejo do Palácio Queluz, Lisboa, Portugal. |
Outros
diziam que quando as águas rareavam, monstros gulosos levantavam-se
e abriam suas bocas enormes e, sem esforço, engoliam todas as
embarcações. Adeus navegação, adeus homens, adeus vida. Enfrentar
as águas rudes do mar nos tempos antigos era uma viagem sem fim.
Sem glória, sem qualquer possibilidade de vitória. Era a viagem
definitiva, sem qualquer possibilidade de apelação. Era quase uma
pena capital. Um suicídio que só os loucos e os desequilibrados
poderiam cometer. Navegar era desprezar a vida. Era correr para a
morte. Era entregar a alma aos monstros e daí jamais ser resgatado.
06/05/2014
Paus e pedras
A "justiça" primitiva era imposta pela força |
Dia
desses circulava pela internet imagens de um rapaz que foi amarrado a
um poste. Segundo consta era um ladrão. Antes de ser amarrado ele
foi brutalmente agredido por populares e teve parte de sua orelha
arrancada. O texto esclarecia que a população havia tomado conta do
rapaz e feito justiça. Centenas de comentários. Outro dia alguém
postou imagens de alguém que seria um estuprador. Choveram
comentários para que todos compartilhassem exaustivamente. Amigos
nossos, pessoas de bom caráter, pais de família, empresários
influentes, gente da melhor espécie vem curtindo estas
monstruosidades.
Noutro
lance da mesma história, quando era lembrada, no mês passado, a
passagem do infeliz aniversário da ditadura militar no país, parece
que houve certo acirramento de ânimos. A saudade do coturno e do
fuzil parece que mexeu com a cabeça dos amigos. Alguns deles,
justificando a necessidade de que os bandidos realmente paguem pelo
que fazem, chegaram a pedir a pena de morte ou a institucionalização
de trabalhos forçados ou coisa que o valha.
01/05/2014
A eternidade
Qual
o maior desafio que nos aguarda? Para muitos, acometidos por
enfermidades, talvez seja vencer o dia de hoje, avançar no dia
seguinte, ganhando outros e outros dias melhores. Para outros tantos,
conseguir aquele emprego sonhado há muito, projetado há tempos, mas
que teima em não chegar, gerando sentimentos de angústias e de
incertezas. Alguns poderão lançar seus sonhos lá para frente,
quando poderão, enfim, ser felizes.
A
verdade é que é da natureza humana esta expectativa pelo que vem
pela frente. Quanto mais jovem, mais intensos são os sonhos, maiores
os desafios. Felizmente, pois quanto mais novo o indivíduo maiores
são as energias possíveis de serem canalizadas na busca da
satisfação.O
processo não é exclusivo dos homens. Entre os animais, mesmo os de
grande porte, o desafio do dia seguinte é comum. Penso nisso após
ver um documentário, destes que abordam aspectos curiosos da
psicologia selvagem, que revelam a luta cruel dos animais em seu meio
na conquista de territórios, de fêmeas e do respeito entre os seus
semelhantes. É o projeto de vida dos conquistadores.
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