O indivíduo quando coloca a cara
no mundo entra numa escola. Ninguém nasce sabendo, diziam nossos antepassados,
com a nítida intenção de empurrar alguma missão que temíamos fosse maior do que
nossa capacidade e, principalmente, nossa disposição. O trocadilho valia como
uma senha. Se ninguém nasce sabendo vai lá e faz do jeito que der. De
preferência com algum esforço e esmero. Se o erro vier no final ele mesmo
servirá como modelo para que a prática seja modificada e tudo se ajustará mais
dia menos dia.
Em
praticamente tudo na vida esta regrinha básica serve. Na política, no esporte,
na vida social. Ninguém nasce sabendo. Então, é importante vencer o medo. Fazer
as coisas que devem ser feitas. E o resultado aparecerá. Aquele que couber.
Claro
que, em muitos casos, alguma necessidade há de algum planejamento prévio. A
vida é uma boa dose de improvisação, mas também há aqueles momentos que podem
ser planejados. Às vezes, os planos são
atropelados pelos fatos. Um atleta se machuca e manda a escalação do time pro
beleléu. Mesmo que o esquema esteja latejando na cabeça do treinador, mesmo que
as jogadas tenham sido exaustivamente ensaiadas nos treinos da semana: se o
músculo não resistiu, cedeu a uma carga exaustiva de tensão, foi-se o
planejamento.
No
caso das campanhas eleitorais que terminaram faz pouco, imagino o trabalho dos
candidatos que planejaram tudo, buscaram os apoios necessários, prepararam
material impresso e coisa e tal. Correram para cima e para baixo. Lançaram pesquisas
que vendiam o peixe, criaram expectativas em seu grupo. E depois ficaram reféns
de silenciosas urnas que cuspiram tirinhas de papel que davam notícias de
derrotas e de vitórias.
E
as urnas em todo o país revelaram um misto de desencanto e de uma necessidade
de mais dureza, mais força, mais organização, maior preocupação com números,
com controle orçamentário e outras expressões tão em voga nas planilhas dos contabilistas, dos economistas e talvez ausentes
no material de pesquisa dos sociólogos, dos filósofos e de outros seres que
mais enxergam os homens do que os numerais.
A política no
município é um caso a parte. É um pequeno mundo. Um lugar onde um bate-boca de
esquina pode resultar na perda de alguns votos, onde uma piada de gosto
duvidoso pode comprometer uma ideia,
onde um intruso qualquer admitido no palanque pode descaracterizar ou
caracterizar uma campanha toda. Aqui, na planície, onde as pessoas se encontram
nas esquinas, no mercado, na farmácia, há mais sutilezas.
Talvez a
campanha que passou tenha ajudado a enterrar um pouco a ideia de que em
política é necessário o tom agressivo. E digo isso não para condenar ou definir
algo de maneira definitiva. É só uma impressão. Uma impressão que restou da voz
vinda das urnas. Se é que ouvi direito!
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