Palavras-
Palavras ditas nem sempre são palavras sentidas. “-Bom dia! Como vai?”. “-Vou
bem, muito bem!”, responde o indivíduo carregando no peito sua dor, seu
sofrimento ou seu sentimento que, naquele instante, não é conveniente expressar
pela boca. Tivessem mais tempo, mais intimidade, mais liberdade e o papo seria
outro. Na fila do banco ou da padaria, na entrada da escola ou na lotérica, em
meio a senhas, carnês e faturas, cheiros de pães e roscas, demoras e incômodos,
não há como há alongar conversas. Na rapidez exigida, sobra a fórmula pronta. E
assim: “estamos todos bem”.
16/02/2017
09/02/2017
Velho Museu
Museu do Índio-RJ/ /Arte sobre foto |
Bem-vindos aos
novos tempos. É tempo de opinião. Vale aquilo que se pensa. E, de preferência,
se tu pensares como eu penso. Se compartilhares o que posto. Se curtires as
minhas verdades. Os fatos? Às favas com os fatos. Entre os fatos e as opiniões
fiquemos com as opiniões porque elas variam e os fatos não. Elas apresentam a
beleza do movimento. A inquietude do subjetivo que pode mudar amanhã, depois ou
sempre.O juiz apontou
pênalti. Não importa que tenha sido. Importa nada se o zagueiro, malandramente,
tenha cutucado o avante pelas costas, jogando-o ao chão. O que mais conta é
que, nos tempos do primário, o juiz, que era ruim de bola, disse para alguém
que torcia para o colorado. Isso é o que importa. Assim, hoje, se ele marca um
pênalti não é porque seus olhos viram, porque sua perspicácia, treinada por
anos a fio com um apito na boca, tenha alertado para a infração. Nada disso. A
verdade é que sua decisão foi tomada muito antes. Foi tomada quando nasceu. E
não poderia ser diferente.
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