10/02/2011

Os heróis e os super-heróis

Capa da primeira revista
do Super-Homem (1938)
O Bruno tem nove anos. É o meu filho mais novo. Dia desses, num final de tarde, envolvido em suas fantasias, enquanto caminhávamos entre as praias de Atlântida Sul e Mariápolis, lançou uma questão curiosa: caso fosse possível, qual o super-poder que gostaríamos de ter? Perguntinha danada esta! Vai daqui, vai dali e nem eu nem minha esposa Marta conseguimos chegar a uma resposta objetiva.
Acredito que o primeiro entrave que aparece é a dificuldade dos adultos perceberem o mundo como os pequenos. O componente da magia, do surpreendente, do extraordinário, que compõem as histórias dos heróis, ficou para trás suplantado por preocupações como a administração do tempo, das relações familiares, carreira profissional, contas a pagar etc. Enquanto as crianças ainda vivem no meio da fantasia, entre nós, adultos, predomina a realidade. Assim, o tempo dos heróis vai se distanciando cada vez mais, permanecendo, quando muito, restrito a um cantinho da memória.
É do gênero masculino a atração pelos super-heróis. As meninas, mesmo com a sofisticação eletrônica, ainda brincam com bonecas, fantasiando a realidade. Os meninos, por sua vez, seguindo instintivamente seu caminho, investem boa parte do tempo na construção de um mundo mágico. Os ingredientes são conhecidos: força, esperteza e rapidez.
É importante dizer que herói não é sinônimo de super-herói. O herói, mesmo nas histórias em quadrinhos, é identificado como um ser humano dotado de algumas habilidades físicas, mentais ou morais e um atributo indispensável, a coragem. Assim, seres humanos que tenham cometido atos de bravura, como os salva-vidas que recentemente resgataram jovens em nossas praias, mesmo fora do horário de trabalho e sem os equipamentos indispensáveis, podem ser considerados heróis.
Já os super-heróis são seres que se destacam por contarem entre suas características com habilidades sobre-humanas. Visão de raio X, super-força, super-velocidade, invisibilidade. E, o mais importante, o super-herói só consegue viver em um mundo colocado em perigo por um super-vilão. Afinal, se não houver um super-perigo não precisamos de um super-herói! O vilão também tem super-poderes, mas, diferentemente do seu arquiinimigo, tem a preferência pelo caminho do mal, pela escuridão. Aí se estabelece a luta de gato e rato. Enquanto um zela pelo bem, outro detém a primazia do mal.
Foi somente em 1938 que os super-heróis apareceram. O primeiro foi o Super-Homem, criado por Jerri Siegel e Joe Shister.  Com a Segunda Guerra Mundial, as histórias em quadrinhos foram popularizadas, fazendo parte do arsenal que os soldados americanos levavam para o front. Rapidamente o Super-Homem tornou-se inimigo dos Nazistas, que encarnavam o mal.
As histórias de heróis e vilões, de super-heróis e seus arquiinimigos vão além, muito além do mundo fantástico. Por baixo desse pano esconde-se a realidade. Ali se encontra a sociedade em que se vive e os dramas do comportamento humano. As tendências morais, a busca pelo poder, os problemas causados pela ganância são apenas alguns dos componentes destas histórias que de infantis pouco têm. 
O mundo atual, tão atribulado, talvez precisasse de alguns super-heróis para colocá-lo nos eixos.

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Super-Homem
Mundo dos Super-heróis




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