19/06/2012

O trololó imoral

O termo moral é derivado do latim mos (costume). Indica algo que não nasce com o homem, mas sim é construído ao longo do tempo. A moral, então, é, numa definição rasteira, sucinta, o conjunto de valores admitidos como corretos por uma parcela de homens a partir da convivência. O contato diário vai definindo uma série de princípios, normas e costumes que vão evoluindo ao longo dos tempos. 
O que hoje é tido como imoral amanhã poderá ser considerado como algo normal, corriqueiro e socialmente aceito. Mesmo entre os imorais encontram-se princípios e normas com fundo moral.  É o caso de grupos criminosos que, muito embora executem alguma ação ofensiva contra o patrimônio das pessoas, se insurgem contra aqueles que molestam crianças e mulheres. Chegam mesmo a eliminar aqueles que atentam contra este princípio. Instintivamente seguem, às avessas é claro, o britânico Lewis Caroll, autor de Alice no País das Maravilhas, que sentenciou: “tudo tem uma moral se você conseguir simplesmente notar”.
A questão moral dá ensejo a uma série infindável outras frases, disponíveis nestes sites de citações. Nesta coletânea destacam-se, por exemplo, a assertiva do ex-presidente americano George Washington, "felicidade e responsabilidade moral são inseparavelmente ligados". Neste tema há alguns mais divertidos, como o dramaturgo alemão Bertolt Brecht para quem se deve “primeiro comer, a moral, depois”.
 
Na política é onde o aspecto mutante da moral ganha seu viés mais retumbante. Inimigos declarados, soldados de trincheiras opostas acostumados a lançar torpedos fulminantes de lado a lado, cães raivosos que mostram os caninos prontos a abater sua presa com golpe certeiro na jugular, inesperadamente superam sua ferocidade e se tornam novos amigos, parceiros, companheiros de batalha. Algum gaiato, atento às negociatas provincianas ou mesmo aos acertos enjambrados pelos papas de outras instâncias, há de lembrar a necessidade dos homens reverem suas posições. Claro, dar um passo atrás vez por outra faz parte da vida e pode mesmo fazer um bem à saúde. 
Porém, há casos e casos. A foto do ex-presidente Lula apertando a mão do Maluf é risível. Não que se espere moralidade e ética neste lamaçal. Ali impera o interesse meramente pessoal. O resto (projeto político, atendimento às necessidades da população, desenvolvimento de políticas públicas, ações na saúde, segurança e educação) são quimeras, perfumaria, trololó, pano de fundo para viabilizar o único projeto que o político entende: a busca pelo poder. Estranhos somos nós. Eles sabem muito bem o que querem. Sabem que nossa memória nos trai. Afinal, a luta pelo poder é episódica. Os compromissos de ontem são apagados ao sabor de cada pleito. 
Como já alertou Jean Jacques Rousseau, “O que é mau na moral, mau é também na política”. 

Saiba mais:
Biografia de Lewis Caroll
Biografia de George Washington



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