Ademir Brum (Foto- Vadinho) |
Recebemos hoje pela manhã, dia 08 de junho, a triste informação da partida de Ademir Brum. Era um cronista da cidade, um amigo de todos, um sujeito de respeito. Gostava de coisas simples como o futebol, do cafezinho com os amigos, de um bom papo. Era agradável. Tinha um texto limpo, simples, leve. Era capaz de abordar os assuntos mais difíceis, mais complexos com graça, com um humor leve, nunca ofensivo. Fomos colegas no Jornal Novo Tempo, lá nos anos 80. Ultimamente escrevia no Jornal Bons Ventos e colaborava no site Osório News.
Em sua homenagem posto uma de suas tantas crônicas.
O último dia
O que você faria se só lhe restasse apenas um dia de vida? Se por um motivo qualquer você descobrisse que está prestes a morrer e que às 24 horas seguintes são as últimas de sua vida? Nessa hora a mente entra em parafuso e é povoada de lembranças, dos sonhos que não realizou e de todas as oportunidades que não aproveitou. Você começa a desenterrar aqueles desejos mais íntimos que passaram anos escondidos no fundo da alma. Lembra-se das pessoas que passaram na sua vida e que significaram algo para serem lembradas durante estas últimas 24 horas, Alguns responderiam prontamente que no último dia fariam aquela viagem tão sonhada, no entanto não daria tempo. Outros poderiam responder que gostariam de rever aquela pessoa especial, no entanto...não daria tempo.
Ainda assim, as pessoas insistiriam em querer realizar sonhos e desejos que certamente não são compatíveis com o tempo disponível. Você lembrará do gesto de delicadeza que muitas vezes não foi lembrado, o bom dia que não foi dito, o sorriso que não foi ofertado. Você se questionaria de todas as desculpas que inventou pra si mesmo, para evitar aquela fantasia que lhe consumiu uma vida inteira. Não haverá tempo para aquele projeto, aquele desejo.
Todos nós temos os mais diversos anseios, sonhos que fervilharam nossas noites de insônia e a frustração diante da impotência de realizá-los. Sofremos com a aparente dificuldade em sermos felizes, pois acreditamos que a felicidade está no desejo mais distante, menos palpável, mais arriscado. Por isso, no último dia de nossas vidas, a vontade imediatista, corriqueira, torna-se simples. Relaxe e respire fundo, pois a situação é hipotética. Mas esse dia, fatalmente chegará, portanto, não deixe para depois o perdão a ser pedido, não deixe para depois o beijo ensaiado. Faça um grande favor a si mesmo, não deixe para depois, pois um dia você vai se dar conta que não há mais tempo.
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