O canal de televisão History apresenta uma série onde o astro central é nada menos do que O Universo. Não é pouca coisa. Ainda mais nos tempos atuais onde as nossas preocupações estão relacionadas às tarefas mais instintivas, automáticas e desprovidas de sabor. Manter o trabalho em dia, levar as crianças para a escola, cuidar da pintura da casa, pagar os carnês no final do mês, enfim, tarefas de administração doméstica. Claro que os cuidados com a rotina são indispensáveis. Não devemos, de forma alguma, descuidar sob pena de incomodações futuras.
No entanto, mesmo que mantenhamos literalmente os pés no chão, é indispensável que vez por outra nossas preocupações sejam um pouco mais transcendentais. Afinal de contas, há muito sabemos que existe mais do que a vivência física. Embora a ciência atual esteja tateando o mundo imaterial, os homens primitivos já mostravam, entre as diárias lutas sangrentas para transformar as feras de então em uma apetitosa refeição, que não é só de carne que vive o homem. Foram eles, os seres não-intelectualizados, dotados de grandes doses de instinto, que intuíram a grandiosidade das coisas.
Entre as dezenas de teorias apresentadas na série televisiva a mais intrigante, por vezes incompreensível, sobre o Universo é a apresentada por estudiosos que afirmam que o universo é como bolhas de sabão, que são lançadas ao vento. Segundo eles, estas bolhas têm um ciclo de expansão enquanto viajam pelo ar, podem se fundir ou, ainda, gerar pequenas outras bolhas, que vão autônomas criando vida e, depois de um tempo, desaparecem.
Alguém chegou a dizer que nós somos pequenas bolhas de sabão e construímos incessantemente um universo próprio. Neste universo nós seríamos os próprios deuses, responsáveis diretos pela nossa história. Todos aqueles que nos rodeiam seriam os donos de seus universos. Dependendo da simpatia ou antipatia entre os indivíduos estes universos poderiam interagir, atraindo-se mutuamente ou repelindo-se.
Claro que a teoria não explica tudo. Mas é mais um componente nesta tentativa de desvendar alguns destes mistérios reinantes desde que o mundo é mundo. O certo é que a ideia defendida por estes cientistas, que mexem muito mais com a lógica, com a filosofia, com a imaginação do que com o material, é reconfortante. Atribui a cada indivíduo a responsabilidade pela sua existência. Afinal de contas é ele o dono do universo. Seus atos, pensamentos, sentimentos interferem no funcionamento do seu universo. Simplificando, pode até parecer conversa de auto-ajuda, mas isto faz sentido.
O mitológico Lao-Tsé, sábio chinês, que viveu no século VI a.C, cuja obra influenciou o Budismo e fundou o Taoísmo, talvez tenha sido o primeiro a buscar no próprio Universo a explicação para a nossa vivência diária. No Livro do Sentido da Vida (Tao-Te-Ching), o chinês apresenta uma nova relação entre o Ser, o Criador e o Universo. Define Deus não como alguém, como uma pessoa, mas como algo, como uma força suprema, o próprio deus cósmico universal.
Em um de seus 81 poemas diz: “O Universo é como o fole de uma forja/ Que, embora vazio, fornece força;/ E tanto mais alimenta a chama quanto mais o acionamos./ Quanto mais falamos no Universo,/ Menos o compreendemos./ O melhor é auscultá-lo em silêncio.” Então, que assim seja, Mestre!
ADOREI
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