Recentemente lancei-me na empreitada de digitalizar o acervo da Revista O Planador, criada pelo José Vilmar, o May. O periódico circulou em Osório e região entre 1975 e 1977. O professor Benito Isolan, diligente mestre, sempre atento na manutenção da memória local, emprestou a sua coleção. Pacientemente tenho "escaneado" as páginas e postado num blog (http://revistaplanador. blogspot.com) que criei para recepcionar este material.
Folheando prazerosamente a revista do May, nota-se uma mudança brusca no Município. O Município dispunha de uma extensão territorial excepcional e uma variedade econômica de fazer inveja a todos os outros. A economia local era impulsionada na temporada de veraneio quando milhares de gaúchos tomavam de assalto a nossa praia de Capão da Canoa. A produção agrícola baseava-se muito nos distritos de Palmares dos Sul, Capivari, Maquiné e Terra de Areia.
A cidade em si apresentava vocação para a prestação de serviço e a educação. Daí surgiu a necessidade da criação de uma faculdade que saiu do papel e se tornou realidade no início dos anos 80. A implementação de um amplo sistema de turismo, que movimentasse a economia da região permanentemente, apesar dos estudos, do elogioso esforço de alguns poucos, foi sendo ultrapassada sempre por necessidades mais prementes.
Eis que passa a década de 70 e Osório verdadeiramente vai perdendo terreno. Primeiro Capão da Canoa, Palmares do Sul e Capivari. Depois Terra de Areia e Maquiné. O enorme município tornou-se pequeno. Ainda assim resistiu. Porém, ao que tudo indica diante dos discursos e entrevistas de nossos governantes, não desistiu dos planos de capitalizar os recursos naturais existentes.
E, mesmo que o processo não seja vivido pela comunidade com intensidade, há iniciativas louváveis, com excelentes resultados. Osório é uma cidade bela, com cenários lindíssimos. Muitos deles, a bem da verdade, desconhecidos da imensa massa. Morro da Borrússia, lagoas, parque eólico e assim vai. Porém, tanto quanto no passado, não vejo na população local interesse no desenvolvimento turístico da cidade. O processo, tanto quanto no passado, tem sido impulsionado por poucos e não repercute nos outros setores.
Na realidade, talvez nem estejamos seguros da nossa potencialidade e da verdadeira identidade de nossa terra. Há inúmeros caminhos abertos. Porém, não se nota uma preferência por este ou aquele setor. Nisso concordo com o colega Ademir Brum que, há algumas semanas, abordou o tema com propriedade em sua coluna aqui no Bons Ventos. Mesmo nós que aqui nascemos, que propagandeamos nossa cidade, sentimos que falta ainda alguma coisa. Um mote, um detalhe, uma fotografia que exponha nossa alma, nossa cultura, nossa tendência.
O dilema, constato nas amareladas páginas de O Planador, não é coisa de hoje. Nos distantes anos 70, tínhamos tanto e não vendemos bem. Tomara venhamos a descobrir a nossa identidade. E que todos nós, osorienses natos ou por adoção, possamos usufruir disso no futuro.
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