Nosso tempo é do barulho. Se ainda não notou vá até a frente da sua casa ou na sacada de seu apartamento, feche os olhos por dois ou três minutos e contem a infinidade de sons advindos das mais diversas fontes. Os automóveis contribuem para boa parte dos ruídos, a betoneira na construção próxima também. A algazarra das crianças no recreio da escola é hors concours. É um verdadeiro mistério da criação. Como seres tão pequenos conseguem emitir sons tão elevados?
O silêncio é coisa rara. Nestes tempos de frenesi, de correria, de incansável busca pela instantaneidade, a falta de barulho é mesmo vista como negação da vida. O silêncio é o fim. A vida é barulhenta. Esta premissa, no entanto, carece de verdade. É falso crer que no silêncio há inatividade. Pelo contrário, há no silêncio infinitas possibilidades de crescimento para os seres que pensam.
O silêncio é importante componente cultural. Nas sociedades iniciáticas o silêncio é considerado indispensável para que o conhecimento permaneça entre aqueles que foram admitidos nas suas fileiras. É uma herança do costume empregado pelos grandes magos e sacerdotes egípcios que exigiam o silêncio absoluto para que os aprendizes descobrissem a meditação. Buda também valorizava o silêncio como forma de contemplação.