08/05/2012

Uma boa conversa

O ano é de eleições. Prefeituras e Câmaras tendem a ganhar novas caras. O momento é de lançar as figurinhas. Até as convenções não há candidaturas postas. Somente postulantes. Agora, neste período que antecede a campanha propriamente dita, é a hora dos arranjos, dos acertos, da formulação de propostas para fechar os acordos partidários.
O bolo ainda não está pronto. Nem no forno está. Sobre a mesa ainda estão os ingredientes: farinha, fermento, ovo, açúcar, uma pitada de sal, leite ou suco. Alguns utensílios já estão postos, aguardando o início do processo. O bolo está ainda por ser feito. Mas o seu projeto já está sendo servido. Suas fatias virtuais, com certeza, já estão sendo milimetricamente cortadas nos encontros das cúpulas partidárias. Cada grupelho leva tantas fatias conforme sua pretensa densidade eleitoral ou conforme sua fome de poder. Máquina de calcular é indispensável sobre a mesa das negociações. Ah, e levantamentos eleitorais dos pleitos que se passaram.
Alguém há de duvidar: "É muito cedo para se preocupar com eleições!". Ledo engano. "Já é tarde demais!", dirão outros, com acertada razão. Os eleitores, estes que pretensamente decidem o futuro da nação, são os que estão fora do processo gestacional que proporciona a chegada dos homens ao poder. E o processo sempre foi assim. E continuará sendo. Por isso que a repulsa toma conta dos estômagos mais sensíveis quando os ouvidos são assaltados pelas notícias das falcatruas que resultam no desvio de milhões de dólares dos cofres públicos brasileiros. Haja omeprazol! Haja paciência!
Certo é que o processo eleitoral é, ainda, algo muito sadio. O amigo leitor sabe que há coisas positivas em tudo. Eu disse em tudo! As eleições servem, por exemplo, para uma boa conversa. Não estas conversas onde um só tem razão. Onde um só sabe das coisas. Não falo destas conversas, mas sim daquelas onde são debatidas as pretensas propostas que os candidatos oferecerão para a nossa cidade.
Qual a tônica que se dará para o aspecto cultural? Qual a identidade que pretendemos para a cidade? E a geração de renda? E a FASE? E a política desportiva do Município? E aí se seguirão dezenas, centenas de questionamentos que se bem atacados poderão ao menos despertar o interesse do eleitor. Caso contrário a cidade viverá mais uma experiência daquelas bem próximas às do futebol. Cada um com a sua bandeira, com a sua preferência clubística, com o seu grupo e pronto. Palmas para o meu candidato e pau na cabeça do outro. Porque importa ganhar. Levantar a taça. Ganhar os CCs. Dividir as secretarias. Comer o bolo.
Quando meus olhos infantis ficavam encantados com um pão ou um bolo quente recém saído do forno, ainda exalando um cheirinho especial minha mãe alertava: "comer pão quente dá dor de barriga". Pior ainda se o pão for abatumado. Fermento velho, ingredientes frios, excesso de farinha, muito açúcar, forno muito quente ou muito frio. Pouco líquido. Muito líquido. Tudo isso influencia no estado final do bolo. Resta saber se os cozinheiros são hábeis.

Obs: Já que falamos em bolo, seguem links com receitas de bolos para os interessados.
Receitas de mãe
Bolo de Reis
Receitas de bolo de chocolate

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