26/07/2012

O mate solitário

Nem mesmo o saudável hábito de compartilhar o chimarrão tem escapado do temor da Gripe A que assola a Região Sul do Brasil. O medo do contágio talvez venha contribuindo para o desenvolvimento do hábito do mate solitário.

O pânico da Gripe


Verdadeiro pânico tem causado estas insistentes notícias sobre a incidência da Gripe A no Estado. Famílias vivem em prontidão na busca da vacina. O locutor do rádio diz que as clínicas não mais anunciam a chegada de novas doses. Evitam com isso o tumulto, a correria e o desespero das pessoas, dispostas a buscar a imunidade contra a enfermidade que tem ceifado vidas no Estado, em Santa Catarina e no Paraná.
É a repetição do quadro que se estabeleceu há alguns anos com maior ou menor intensidade.  As autoridades da saúde também estão de prontidão. Na tevê, alguns apresentadores, useiros em encontrar os culpados e denunciá-los à opinião pública como se justiceiros fossem, utilizam seus espaços denunciando os desmandos, o despreparo, a imprevidência deste ou daquele órgão. A assistência mais se apavora.

18/07/2012

Candidatos na rede

 A rede social é um instrumento de manifestação. Portanto, não há uniformidade. Imprescindível bom-senso e tolerância. Como todo mundo ganhou voz e vez, somos fadados a conviver num ambiente que reúne  algumas boas coisas e muitas insanidades. Não é incomum que grupos, que são formados a partir de boas intenções, implodam. As regras de boa convivência, de respeito e de bom-senso nem sempre são observadas. 
Agora nota-se uma ferocidade ímpar em relação à campanha eleitoral. Ora, somente os ingênuos imaginavam que as redes sociais seriam zonas livres e que os candidatos, ávidos por espaços, não colocariam seus santinhos no seus murais. Somente os mais ingênuos ainda imaginam que eles, os candidatos, terão a grandeza de respeitar os espaços privados (como se alguma privacidade fosse possível na internet). Não estranhe se eles começarem a encher nossos murais com suas carinhas. Se isso ocorrer será apenas uma demonstração de mau uso, de falta de respeito.

10/07/2012

Rede democrática

O fácil acesso às redes sociais democratizou sobremaneira a opinião. No passado somente estavam autorizados a publicar seus pontos de vista alguns poucos escolhidos pela mídia. Agora, com um computador e com uma conexão o sujeito solta o verbo. Assuntos em profusão, opiniões para todos os gostos.  Não são necessários conhecimento, prudência e nem perícia. A liberdade é total. Com isso, a negligência com a língua é marcante. Não satisfeitos em curtir e compartilhar, os espertos ainda se deixam levar pela delícia de comentar. Aí, sai da frente!
Alguns conseguem o exagero de engatar quatro a cinco erros em uma linha. Não é incomum cansaço virar “cançaso”, princesa virar “princeza”, exceção virar “excessão”, a gente (nós) se transformar em “agente” (secreto? funerário? de viagens?). A desculpa mais corriqueira é a “preça” (perdão!),  a pressa. Digitar rápido potencializa o erro. É correto. Quanto mais rápida a resposta, o comentário, mais próximo do erro se encontra o indivíduo. Porém, que tanta pressa é essa que não dá tempo para uma mísera revisão? Que imposição é essa de que tudo tem que respondido num flash? E a qualidade? Foi suplantada de uma vez em detrimento da destreza, da rapidez?

04/07/2012

A breguice

Odair José (arte pop)
Existe verdadeiro movimento, iniciado por uma dessas indefectíveis novelas da Globo, com o intuito de promover o brega como movimento cultural. Porém, a iniciativa carece de legitimidade. Aquilo que se diz brega é, na realidade, uma mera representação. Nada daquilo é original, portanto o tal movimento contraria uma das regras mais claras da cultura brega nacional: o brega é brega não porque quer, mas sim porque a coisa não alcançou o nível desejado. A obra brega é algo que deveria ser de bom gosto, mas por carências da fonte criadora não atingiu o alvo desejado.
A intenção do verdadeiro brega não é ser brega. As músicas bregas são feitas para serem servidas com honestidade. As frases são compostas com o objetivo de agradar a todos. É tudo legítimo, verdadeiro. Os arranjos simples e corriqueiros são produzidos dentro de um conhecimento limitado, mas são para serem levados a sério. Não é uma bobagem qualquer.
Ou alguém duvida que Amado Batista quando cantou a plenos pulmões uma música em que narra a infelicidade da perda de um amor numa fria sala de cirurgia queria fazer gracinha, queria agradar a um público brega? Não, ali há seriedade não deboche. A dor é verdadeira. É um drama.