O fácil acesso às redes sociais democratizou sobremaneira a opinião. No passado somente estavam autorizados a publicar seus pontos de vista alguns poucos escolhidos pela mídia. Agora, com um computador e com uma conexão o sujeito solta o verbo. Assuntos em profusão, opiniões para todos os gostos. Não são necessários conhecimento, prudência e nem perícia. A liberdade é total. Com isso, a negligência com a língua é marcante. Não satisfeitos em curtir e compartilhar, os espertos ainda se deixam levar pela delícia de comentar. Aí, sai da frente!
Alguns conseguem o exagero de engatar quatro a cinco erros em uma linha. Não é incomum cansaço virar “cançaso”, princesa virar “princeza”, exceção virar “excessão”, a gente (nós) se transformar em “agente” (secreto? funerário? de viagens?). A desculpa mais corriqueira é a “preça” (perdão!), a pressa. Digitar rápido potencializa o erro. É correto. Quanto mais rápida a resposta, o comentário, mais próximo do erro se encontra o indivíduo. Porém, que tanta pressa é essa que não dá tempo para uma mísera revisão? Que imposição é essa de que tudo tem que respondido num flash? E a qualidade? Foi suplantada de uma vez em detrimento da destreza, da rapidez?
A profusão de opiniões, apesar dos erros crassos nos comentários, não chega a ser algo ruim. Analisando o que os nossos amigos virtuais estão postando na rede temos uma média do pensamento virtual. Cãezinhos abandonados, convocação para que os animais sejam bem tratados, exaltação das virtudes dos cães, fotos de jovens maltratando um animalzinho com palavras de ordem “compartilhem esta imagem em seu mural para que os canalhas sejam reconhecidos”. Os cães estão em alta. Logo após aparecem os gatos. As crianças aparecem logo depois.
Outro dia começaram a aparecer fotos de crianças com problemas de saúde, com seus rostinhos carcomidos, com seus lábios deformados e uma série de outras anomalias. Compartilhar o sofrimento para que a rede repasse centavos de dólar para aquela criança. Ora, não sejamos ingênuos! Por mais chocante que seja a imagem, por mais dolorosa que seja a situação não há, ainda, artifícios para que a simples publicação desta imagem gere benefícios para o indivíduo. Alguns se veem na obrigação de compartilhar. Acreditam que, com isso, estão fazendo a sua parte. Bem capaz!, como diria o gaúcho. No máximo estão espalhando na rede o sofrimento de gente que nem acesso a estes meios tem.
A rede apresenta conteúdo para todos os gostos. Profundos ou rasteiros. Sérios ou desprezíveis. De grande qualidade ou lixo puro. O nosso filtro é que deve estar calibrado para chegar à informação mais correta, mais séria e mais coerente. As fontes estão aí, a escolha daquelas que mais atendem à necessidade é individual e está diretamente ligada ao nível de exigência e de comprometimento de cada um.
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