O professor David Fleck dizia que mais do que os marcos históricos, mais do que os personagens envolvidos, o que realmente interessava eram as causas e as consequências. Isto não fazia muito sentido para um menino de 11 ou 12 anos de idade, ainda envolvido com questões outras mais prementes e com os salutares sonhos juvenis.
Com o tempo, no entanto, as informações recebidas vão se juntando em forma de mosaico. O que parecia uma imagem abstrata se revela algo claro, límpido. As convicções infantis, por sua vez, se tornam garatujas, eis que não chegam à arte final.
Levou tempo para entender esta questão dos ciclos. Hoje com mais clareza sinto que onde estivermos fazemos parte de histórias paralelas. Estamos dentro de conjuntos, rodeados de semelhantes. Estes conjuntos se tocam e ocorre a intersecção. O que parecia tão abstrato, tão complicado nas aulas de matemática hoje se revela tão real.
Somos personagens. Vivemos e atuamos. Interferimos nas histórias dos outros que, por sua vez, entram na nossa vivência. E assim seguimos inadvertidamente numa troca de experiências permanente.
Cheguei a este tema diante da manifestação de uma querida colega. Pela manhã me disse: “hoje é meu último dia aqui!”. Lembrei que a vida é composta de ciclos. Avançamos no tempo e vamos juntando as experiências possíveis. Às vezes temos a nítida impressão de que já vivemos aqueles fatos em algum momento. Os dias passam e a cada dia se abre um pequeno ciclo que se fecha logo ali. As semanas são ciclos, os meses, os anos, as décadas. A vida é um grande ciclo. Pequeno, porém, se se considerar a vida do Universo.
O fechamento de ciclos pode representar dor, perda, satisfação, esperança. A certeza que se tem é de que após um ciclo outro começa. Este, porém, um dia também se fechará. E assim seguimos todos nós protagonistas aqui ou meros coadjuvantes acolá.
Certo é que somos os donos de nosso destino. Podemos iniciar ciclos e também abortá-los. Ações, palavras, pensamentos, sentimentos, emoções de hoje vão formando o dia de amanhã. O futuro vem sendo construído lentamente. Tudo isso sem que se pense, sem qualquer sinal de alerta. O Universo inteiro se move permanentemente e em silêncio. Assim é a Lei da Natureza. Não há como contrariá-la.
O mesmo ocorre com a partida daqueles com quem convivemos. Quando se afastam deixam em seu lugar um silêncio. É da Natureza. Não há como contrariá-la.
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