17/07/2020

A ansiedade em tempos de pandemia


O infectologista, em entrevista ao programa de rádio, alerta que o descuido dos brasileiros, ansiosos por abandonar as medidas de prevenção contra o avanço inexorável do vírus, poderá ser catastrófico. Não há outra forma de evitar o contágio e o colapso no sistema de saúde senão o isolamento social. Sem concessões. De preferência fechando tudo por algumas semanas. Lembra que na Europa alguns países passaram por seis meses de fechamento. Por aqui são noventa dias.
É claro que do outro lado, com algumas razões bem compreensíveis, empresários, que temem pelos seus investimentos; produtores e capitalistas, temendo por suas fortunas e oportunidades de lucros; e mesmo trabalhadores, temerosos pela possibilidade bem plausível de perder seus empregos, seus investimentos, desejam ardentemente que as restrições sejam afrouxadas de tal forma a garantir o andamento das coisas como a economia, a produção e o emprego.

Por aqui e por ali lançam-se campanhas pela prevenção, diga-se uso indiscriminado de medicação (mesmo que a ciência diga que é dinheiro jogado fora). Nas redes sociais surgem médicos que garantem o sucesso de vermífugos para matar o bichinho que assusta tanto. As instituições de pesquisa e regulação dizem que não há porque usar o que é inócuo. E o assunto de saúde pública virou bandeira política. Alinhados com governantes que desprezam os conhecimentos científicos, alguns firmam plataformas eleitorais na distribuição de remédios numa clara corrida por votos visando garantir seus mandatos. A distribuição de esperança faz parte do jogo.
A questão é séria. Muito séria. Como as informações pipocam a todo instante, um clima de incerteza toma conta. Um médico garante tal coisa e é desautorizado logo em seguida. Surge outro que diz outra coisa diferente e assim vai a carruagem numa marcha que pouco avança. A única certeza que se tem é de que não é momento para brincadeira. Pessoas próximas estão deixando de existir. Há mortes por aqui.
Apesar dessa aflição, a ansiedade é uma inimiga invisível e perturbadora. A vontade contida é de sair por aí exercendo a plena liberdade constitucional de ir e vir. De preferência sem máscara. Despreocupado, crendo que tudo isso não passa de uma fake news. No entanto, o momento não recomenda isso. Os fatos se impõe à vontade. Por mais que a temperatura suba em alguns dias deste inverno peculiar é necessário o cuidado para que a ansiedade não tome conta.
O momento vivido nos dias atuais é único. Nunca vivenciamos situações como estas. Os grandes flagelos da humanidade ficaram no passado. E, talvez por isso, a ansiedade esteja impulsionando os mais afoitos que resistem em acreditar na seriedade desta luta. É certo, porém, que o que se faz agora é determinante para o futuro. Sempre foi assim. Agora, no entanto, se vê que nada é mais acertado do que ter paciência. Como já diziam os avós dos nossos avós: “paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.

Um comentário:

  1. Pois sabemos que cada um tem sua personalidade, mas nos dias de hoje a ansiedade tem parecido uma virtude para os incautos, ao mesmo tempo que encarada como eventual doença psicológica. Faz parte da evolução humana o desenvolvimento da paciência. Podemos, desde tenra idade, ensinar e dar exemplo aos filhos o valor da paciência.

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