21/11/2013

O arcaico e o novo

Neanderthal
No futebol ou numa luta, quando o indivíduo não está emocionalmente envolvido, é comum que torça pelo mais fraco. Faz parte do homem este sentimento de solidariedade, de engajamento, de compaixão para com o menos provido. Mesmo que, lá no final, o mais forte arrebate o troféu, desfilando no ringue sua superioridade, é sempre relevante o apoio dado a quem pouco dispõe. Não importa que dê a lógica, que tenha vencido o melhor, o mais preparado. Isto é de menos. Como diz o gaúcho, importa a chuleada. Se os fluidos enviados ao fracote não tenham gerado o efeito desejado, paciência.  
Faz bem à alma esta cumplicidade com aquele que está numa condição de inferioridade. Isso explica a sobrevivência num cenário improvável (onde tamanho é documento) equipes como a Portuguesa de Desportos e o São José, o Zequinha. São só dois exemplos entre tantos que os times que jogam insistentemente por anos a fio sem troféus e com parcas esperanças entre seus adeptos. Em suas paridas, em regra, estão presentes testemunhas e não torcedores.
Talvez tenha sentido a mesma solidariedade quando li recentemente que estudos indicam que os neandertais, espécie humana europeia, que se supunha tivesse sido dizimada, extinta, quando os africanos  sapiens, tornaram-se hegemônicos sobre a Terra, na realidade podem ter convivido por longo tempo, tendo até interagido em muitos momentos. O assunto é acadêmico e, ao que consta interminável. O que se tornou relevante é o fato de que nossos parentes europeus não eram tão toscos como são apresentados em gravuras antigas. Nem tão atrasados quanto nos fizeram entender até hoje. 
Eram atarracados, fortes, peludos. Mas a massa cinzenta já estava lá. Criaram ferramentas, muitas delas presentes nas nossas casas até os dias de hoje. A agulha de costura, segundo consta foi criado por eles, os neandertais.  Aliás, um cientista português, maior autoridade contemporânea no assunto, João Zilhão, diz que se os nossos parentes desfilassem pelas ruas de Nova York ou de qualquer metrópole não seriam notados. A experiência chegou mesmo a ser realizada. Modelos foram fantasiados de primitivos e não chamaram a atenção por onde passaram. Ou seja, a parte anatômica é muito semelhante ao homem moderno. 
O que ficou como verdade, na realidade foi o mito da superidade de algumas espécies. Hoje, inclusive, começa a se pensar em mudar a conceituação. Nossos primitivos, na realidade, não seriam espécies diferentes, mas sim raças que se tornaram diferentes pelos aspectos culturais, pelas condições climáticas e pelos desafios que superaram ao longo dos tempos. 
Outra conclusão é a de que em nosso sangue possivelmente  estejam presentes tanto os gens dos sapiens quanto dos neandertais. De algum modo fica o sentimento de que o arcaico e o novo se encontram em algum lugar, mesmo que nossas vistas não percebam.

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