Dominado
por uma febre, tentava dormir. Mas, algumas ideias esparsas tomavam
conta de sua mente. Sem esforço, fatos contínuos foram sendo
rememorados como se uma grande novela estivesse sendo encenada
naquela hora. Sem forças para reagir, deixou-se entrar naquele louco
teatro. Não sabia de onde vinham aquelas histórias que se uniam sem
sentido. Talvez fossem coisas que lembrava, que inventava ou memórias
de outras experiências que sem explicação surgiam como que
magicamente.
A
ilha
Era um
navegador. Talvez fosse implacável. Achava que era poderoso. E
exercia o pretenso poder. Não fosse isso e não teria sido
abandonado na ilha. Apesar de ser o comandante, não ficava somente
dando ordens. Tomava a frente em tudo. Achava que aquilo era correto.
Mas, não aceitava erros. Não perdoava os que erravam.
Desceu
para reconhecer o local. Andou para lá e para cá, afastando galhos.
Abrindo uma trilha. Estava tão envolvido na missão que esqueceu
tudo o quanto mais o cercava. E quando viu estava só.
Correu
para a praia e se espantou com o que seus olhos enxergavam. A
embarcação ia se deslocando mar adentro. Tentou alcançá-la, mas
não tinha forças suficientes para enfrentar as ondas bravias que
insistentemente o remetia de volta para a praia. Assim lutou por
horas a fio. Até que seu corpo se entregou.
Achou
que tinha morrido. Mas, acordou com o sol batendo na cara. O corpo
doía. A mata verde tomava conta de tudo. Frondosas árvores.
Pássaros cantavam ao longe. Não sabia como explicar tudo aquilo.
Estava só. Irremediavelmente só. Ficaria ali pelo tempo necessário,
odiando aqueles que partiram.
Aquela
era agora sua casa. Viveria ali. Talvez morresse ali.
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