De uns
tempos para cá, especialmente nas redes sociais, vêm crescendo de
maneira muito significativa as manifestações de ódio. Como diria
aquele velho pensador, nunca antes na história deste país uma
eleição deu tanto pano para manga. As manifestações que se
sucederam, muitas delas de pacatos e cordatos cidadãos, gente boa,
educada, de boa família, fariam corar até a mais gélida estátua
da figura mais desavergonhado que possa existir.
Não
vou dizer que não assista alguma razão aos guerreiros. Não podemos
e não devemos desconsiderar a gritaria toda. Porém (sempre há um
porém), convenhamos que o foco das manifestações estava no lugar
errado. Os mais espertos todos se colocaram de um lado e, por
conseguinte, lançaram para o outro lado todos os retardados,
ignorantes, insensíveis, irresponsáveis etc etc etc.
Usaram
todos os argumentos da igreja antiga. O povo dos que têm mérito
colocado no lado direito de Deus. Salvos, irremediavelmente salvos.
Os demais, a escória, lançados no fogo do inferno, pois são
ignorantes, pobres de espírito e merecem a reprovação pública e,
se fosse possível, a fogueira.
Mas,
não só nas lides políticas vê-se tamanho ódio. No futebol, da
mesma forma. Aquilo que era para ser um espetáculo circense, uma
diversão, virou num campo de batalhas. Muitos ditos torcedores vão
para o estádio (ou arena) tomados de um sentimento tal que,
convenhamos, não pode fazer bem para o corpo físico, quanto mais ao
espiritual. É o sentimento da exclusão. Aqueles que torcem para o
meu time são gente que merece respeito. Os demais... bem, os demais
merecem o ódio e o desprezo. E, se possível, a morte.
Do
lado de cá, tenho reservado alguma energia para tão somente
acompanhar estas lutas campais à distância. Cheguei a uma conclusão
inarredável: já guerreamos muito através dos tempos (muitas vezes
por insignificâncias), já lutamos demais, já nos separamos demais.
Onde estiver imperando este sentimento de ódio, pulo fora.
Consta
que o vocábulo ódio, do latim odium, está relacionado aos
sentimentos de aversão, de antipatia, de detestar. Ou seja, tudo o
que não desejo, tudo o que não quero, tudo o que não preciso. Pelo
contrário, nas bandas em que o ódio forrar a estrada, vou quebrar a
esquina. Deixo para quem precisa. Se é que alguém precisa disso.
Onde o ódio estiver, eu estou fora.
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