13/11/2014

Ódio: tô fora!

De uns tempos para cá, especialmente nas redes sociais, vêm crescendo de maneira muito significativa as manifestações de ódio. Como diria aquele velho pensador, nunca antes na história deste país uma eleição deu tanto pano para manga. As manifestações que se sucederam, muitas delas de pacatos e cordatos cidadãos, gente boa, educada, de boa família, fariam corar até a mais gélida estátua da figura mais desavergonhado que possa existir.
Não vou dizer que não assista alguma razão aos guerreiros. Não podemos e não devemos desconsiderar a gritaria toda. Porém (sempre há um porém), convenhamos que o foco das manifestações estava no lugar errado. Os mais espertos todos se colocaram de um lado e, por conseguinte, lançaram para o outro lado todos os retardados, ignorantes, insensíveis, irresponsáveis etc etc etc.
Usaram todos os argumentos da igreja antiga. O povo dos que têm mérito colocado no lado direito de Deus. Salvos, irremediavelmente salvos. Os demais, a escória, lançados no fogo do inferno, pois são ignorantes, pobres de espírito e merecem a reprovação pública e, se fosse possível, a fogueira.
Mas, não só nas lides políticas vê-se tamanho ódio. No futebol, da mesma forma. Aquilo que era para ser um espetáculo circense, uma diversão, virou num campo de batalhas. Muitos ditos torcedores vão para o estádio (ou arena) tomados de um sentimento tal que, convenhamos, não pode fazer bem para o corpo físico, quanto mais ao espiritual. É o sentimento da exclusão. Aqueles que torcem para o meu time são gente que merece respeito. Os demais... bem, os demais merecem o ódio e o desprezo. E, se possível, a morte.
Do lado de cá, tenho reservado alguma energia para tão somente acompanhar estas lutas campais à distância. Cheguei a uma conclusão inarredável: já guerreamos muito através dos tempos (muitas vezes por insignificâncias), já lutamos demais, já nos separamos demais. Onde estiver imperando este sentimento de ódio, pulo fora.
Consta que o vocábulo ódio, do latim odium, está relacionado aos sentimentos de aversão, de antipatia, de detestar. Ou seja, tudo o que não desejo, tudo o que não quero, tudo o que não preciso. Pelo contrário, nas bandas em que o ódio forrar a estrada, vou quebrar a esquina. Deixo para quem precisa. Se é que alguém precisa disso. Onde o ódio estiver, eu estou fora.


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