Caminhamos
pela praia. O sol já está indo embora.
Alguns
meninos engalfinham-se na areia. Retorcem seus corpos. Se pegam, se
puxam. Tentam imobilizar um ao outro. Alguns assistem à estranha
luta. Riem. Apostam. Torcem.
O
salva-vidas vai se retirando da guarita. Recolhe suas coisas. Desce
por uma escada de madeira. E dá de costas ao mar. Não está nada
interessado na dança protagonizada pelos corpos jovens na areia. Os
meninos contimuam no infindável agarra-agarra. Ficam para trás. Não
sei, afinal, quem ganhou a luta nem se houve vencedor.
A
água é morna. O mar está surpreendentemente claro. Milhares de
mariscos pequenos mortos formam um tapete sobre o qual caminhamos.
Peixes de pequeno tamanho e com o corpo machucado foram trazidos para
a beira. Um que outro apresentam tão somente os buracos dos olhos.
A
água leva as conchinhas para lá e para cá. Alguns pescadores já
tomam parte da praia. Eles vão se adonando aos poucos.Dentro de
alguns minutos estarão só com seus caniços, suas iscas, os peixes
fisgados, suas camisetas de times de futebol e seus chapéus de lona.
Damos
meia volta. Seguimos pela beira ainda em cima do tapete de mariscos e
vamos dando chutes na água. Dizem que fortalece a musculatura das
pernas. É uma academia gratuita. Caminhamos sem pressa. Não há
porque correr. O sol já se foi mesmo. Meus óculos embaçados
projetam casais fantasmas que cruzaram há pouco e agora fazem o
trajeto de volta.
Os
meninos que lutavam abandonaram a luta. Abandonaram a praia. Os
pescadores não. Agora são donos do espaço. Uma menina bela e jovem
entra no mar. Leva uma prancha. Pegará algumas ondas enquanto há
alguma luz. Não tem pressa. Também não tenho.
Entro
só no mar. A água ainda está quente. Alguns filamentos de
água-viva passam pelo meu corpo.É o preço que paga por uma água
quente. Sinto uma ardência pequena. Mergulho duas três vezes. Uma
onda forte me trás de volta à beira. Hora de recolher. A brisa
anuncia que amanhã vai chover. Mas, só amanhã.
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