Julius Moser - 1808 |
Um dos grandes dilemas da
humanidade é o da origem do macarrão. A versão mais popular é a de que Marco
Polo, o viajante veneziano, em suas andanças pelo reino mongol-chinês,
protegido pelo grande Kublai Kahn, frequentador dos grandes banquetes servidos
por seu senhor, teria tomado gosto pela coisa. A iguaria, feita a partir do
milheto, se tornou uma espécie de preferência do italiano. Quanto retornou à
sua terra natal, 17 anos depois de conviver com os mandos e desmandos de Kahn, Polo
ditou suas aventuras para um amigo escritor (que como ele se encontrava preso).
Consta que o amigo era criativo ao extremo e recheava as aventuras de Marco com
algumas pitadas a mais de emoção. No calor da narrativa teria supervalorizado
encontro de Polo com a massa chinesa, como se fosse algo inédito mundo
culinário. A história foi repetida inúmeras vezes e oito foi criado.
Porém, segundo
muitos pesquisadores apaixonados pelas massas italianas, a história de Marco
Polo ter trazido a receita da massa da china é pura invencionice. Para alguns
foram os árabes que trouxeram a receita para a Sicília, sul da Itália, por eles
conquistada, o século 9. Há quem afirme peremptoriamente que desde o Império
Romano, a Itália já conhecia a fórmula de misturar água, farinha de trigo e
vinho branco. A massa depois era
esticada em longos e finos fios e colocada a secar ao sol e ao vento pra melhor
se conservar.
O molho mais
simples e não menos apreciado que acompanha o macarrão também tem uma origem
bem curiosa. Segundo consta, os tomates foram levados do Peru para a Europa.
Porém, como a fruta foi cozida junto com as folhas, as primeiras experiências
ocasionaram intoxicações coletivas, sendo proibida sua produção. Anos mais
tarde, um cozinheiro napolitano separou somente as frutas e produziu
respeitável molho que superou a desconfiança de todos e se tornou uma
referência apreciada em todo o planeta.
Presente em
cardápios de restaurantes em todo o mundo, o macarrão com molho à bolonhesa
reúne o molho de tomate e carne bovina moída. No entanto, em Bolonha, na
Itália, não se encontra o tal prato. Eles acham o molho processado, de caixinha
ou lata, um atentado à culinária e uma difamação à sua terra. E, talvez, tenham
razão. O molho deles leva cenoura, bacon, vinho, leite e outros ingredientes. A
massa deles também não é a fininha, mas sim achatada. Eles levam esta história
tão a sério que até congresso foi realizado para discutir o assunto e hoje a
Câmara do Comércio de Bolonha é detentora da patente do legítimo ragu alla
bolognese.
Independente
de quem descobriu o macarrão, se foram árabes, chineses ou italianos, a massa hoje faz parte do dia a dia do
brasileiro e de todos os povos da Terra. Como por aqui a criatividade toma
conta, que diriam os italianos mais tradicionalistas da ousadia de alguns dos
nossos em consumir suas sagradas massas lado a lado com o feijão nosso de cada dia?
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