15/08/2016

Sócrates e Galvão

A impressão é de que todos nós estamos
sobre um solo rico em pedras preciosas.
 Porém, não há como saber onde elas estão.
Filósofos, místicos, religiosos e curiosos de todas as tribos vêm dedicando algum tempo na análise da existência humana. São alguns milhares de anos de perguntas, respostas e conclusões parciais. Para cada resposta dada, novas questões vão surgindo. Ciclos e mais ciclos vão sendo criados sem que seja antevisto algum fim possível. Há conclusões definitivas, é claro! Mas, o tempo vai passando e o definitivo vai ficando para trás. 
Quais as finalidades da existência? Onde isso tudo leva? Qual a contribuição de cada um neste processo?  Qual a importância do indivíduo? E do grupo? As questões são infindáveis tanto quanto são as teorias existentes.
A impressão é de que todos nós estamos sobre um solo rico em pedras preciosas. Porém, não há como saber onde elas estão. Não há máquinas, só os braços. E não há braços suficientes para remover todo o material orgânico que se acumulou por milhares de anos. Uma quantidade interminável de lama, de areia e de rochas que foram se sobrepondo lentamente. E embaixo disso tudo, gemas cristalinas esperando pelas mãos de hábeis artesãos que dominam a arte da lapidação.
Porém para boa parte da humanidade estes questionamentos estão bem escondidos atrás das preocupações do dia a dia. Contas a pagar, coisas por comprar, estradas por andar. Trabalho, estudo, jogo no fim de semana, aniversário na família, celular novo que o outro caiu na privada, foto na rede porque é preciso mostrar o almoço ou o café. Uma fezinha na loteria porque seis dezenas na mega não é coisa impossível de se acertar. Vai que a sorte dormiu na mesma cama esta noite e nasce aqui mais um milionário. E aí, com dinheiro no banco, ninguém precisa de filosofia.
O antigo pensador arriscava algumas respostas para as questões humanas mais intrincadas. Porém, a resposta mais brilhante remete ao próprio indivíduo: conheça a ti mesmo.  Ou seja, tuas questões mais íntimas não podem ser respondidas através das certezas dos outros. O indivíduo é o único que pode avaliar com exatidão tudo o quanto revela o seu processo.  Na verdade, aquele narrador global, que causa brotoejas em boa parte dos torcedores de futebol no país, cunhou uma expressão há mais de vinte anos que continua válida até hoje. Diante das dificuldades do dia, das incertezas e dos medos cabe ao próprio indivíduo dar os passos seguintes e definir a jogada. “Vai que é tua, Taffarel!”. Bem assim, sem tirar nem por. Sócrates e Galvão. Dá até para rir. Quem quiser que ria.

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