A mentira tem pernas curtas, diz
o surrado e certeiro ditado popular. Por mais que ela consiga viver algum tempo
ostentando a sublime aparência de verdade, não adianta: mais dia, menos dia ela desaba. E aí, azar de
quem a pariu.
Por
aqui, onde há palmeiras em profusão onde os sabiás cantam, somos levados a crer
que a mentira é uma instituição nacional. Até certo ponto pode-se dizer que é
correto. A mentira anda para cima e para baixo. Vai de Norte a Sul, de Sul a
Norte neste reino verde e amarelo, fazendo estágios prolongados pelo Planalto
Central, tornando aquele ponto quase como sua morada preferida.
Mas,
a bem da verdade, não podemos desconhecer que a danada da mentira é, isso sim,
uma instituição internacional. Ela está no meio dos mais pobres, mas também
anda de mãos dadas pelos mais altos escalões. E não é capaz de distinguir o
público e o privado.
Nos
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que terminaram dias atrás, até americano se
deu mal. Competente em atravessar a piscina com meia dúzia de braçadas, não
encontrou o nadador Ryan Lotche a destreza necessária para criar uma historinha
que tivesse algum sentido. Disposto a curtir a noite com seus colegas de equipe
saiu despreocupado pela noite carioca tomando todas as geladas que encontrava
pela frente. Eis, que em dado momento, olhou no relógio e viu que a madrugada
avançava perigosamente em direção ao dia. Aí surgiu em sua etílica cabeça uma
história que parecia fazer sentido. Foi
dizer logo para a sua mãe que havia sido assaltado por soldados e coisa e tal. E mãe que é mãe não deixa por
isso. Meteu a boca na rede social e
denunciou a polícia tupiniquim.
O
bafafá foi grande. O escândalo saiu no mundo todo. O rapaz foi ouvido pela
polícia. E o mundo ficou sabendo que tudo o que o nadador bebum queria era
esconder da namorada que havia saído para um bundalelê carioca e que tinha
perdido o horário de voltar ao berço. A mentira custou gordas cotas de
patrocínio perdidas, um namoro desfeito, um coração de mãe partido e uma série
de outras coisinhas que ainda estão pela frente.
Mas,
nem tudo é desgraça na terra das oportunidades. É possível que a história não
fique por aqui. Vai que algum cineasta veja com bons olhos a história e queira
levar para as telas as aventuras do nadador que levava uma medalha de ouro no
peito e que se perdeu na noite do Rio.
O que se fala sobre a mentira:
-Machado de Assis: " A mentira é muitas vezes tão involuntária como a respiração".
-Millôr Fernandes: "Jamais diga uma mentira que não possa provar".
-Winston Churchill: "Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir".
Nenhum comentário:
Postar um comentário