Fazer uma promessa, nos tempos
mais antigos, era assumir uma dívida. Uma criança nascia com algum problema de
saúde, às vezes somente muito mirrada e fraca, e a mãe se grudava no santo do
dia: fosse João, José, Roberto, Vicente, Jerônimo, Wenceslau, Nicolau, Rosária,
Regina, Aurélia ou Das Dores, não importava. Importava isso sim, que alguém,
santo ou arcanjo, se sentisse homenageado o suficiente para garantir a vida
daquele que nascia.
De
outras artimanhas se lançavam mão naqueles dias. Uma junção de pequenos com
menos de sete anos de idade ao redor de uma farta mesa (quando possível). Era a
mesa dos inocentes, uma forma de honrar uma graça recebida. Comida para encher
os olhos e as barriguinhas da gurizada.
Outros
criavam compromissos como não cortar o cabelo da criança por um determinado
período ou vesti-la invariavelmente de branco nas missas ou coisas neste
estilo. E ai de quem quebrasse o pacto.
A promessa era uma dívida e deveria ser paga, sem lamentações nem
arrependimentos. Pagar a dívida é o mínimo que se esperava.
Havia
uma fé cega é verdade. Uma busca por um
milagre, por algo que se imaginava que não estava ao alcance dos homens. Uma
cura, uma vantagem num negócio, um resultado positivo. Ocorre que, em muitos
momentos, o dito costume meio que poderia descambar para outro lado,
confundindo-se com as simpatias. Conheci alguém que tinha como hábito
chantagear os santos virando-os de cabeça para baixo para infligir algum
sofrimento. Enquanto não conseguia seu intento, o santo permanecia na incômoda
posição. O santo, no caso, era uma estátua dessas de gesso que, a priori,
parece não ter nenhum poder sobrenatural. Mas, independente disso, tão logo
atendida na sua graça, dita pessoa fazia questão de espalhar pelas redondezas de
que seu método não falhava.
Hoje
promessas são as artimanhas das mais usadas pelos políticos. Quando a eleição é
municipal então nem se fala. Chega a ser
bonito. As ruas dos bairros mais populares enchem-se de movimento. A caravana
vai afiada. Bandeiras, carros de som, meninos correndo para cima e para baixo
de bicicletas ou a pé. A cachorrada presa em cordas curtas late e se irrita com
tanta gente estranha. O candidato vai
dando a cada um sua melhor atenção. Beijos, abraços, sorrisos e promessas de
uma vida melhor. Não importa se é governo ou oposição. A coisa vai melhorar.
Saúde, educação e segurança. É o mantra do momento.
Ao
contrário do povo de antigamente, que levava a sério este negócio de promessa, o
que se verá logo após o pleito é que tudo é relativo. E os antigos compromissos
têm que caber no orçamento que vai minguando a cada ano. Milagres neste setor
nem os santos de cabeça para baixo conseguem mais.
O
melhor mesmo é não votar em quem muito promete. O constrangimento, neste caso,
será menor para o eleitor e para o eleito. Outras promessas;
Engenheiros do Hawaii
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