26/07/2017

A Liberdade de Escolha

 Os soldados derrotados nas batalhas tornavam-se escravos dos vencedores. A força da vitória impunha a submissão. Os vencidos alienavam suas crenças, seus bens, suas vidas. Tornavam-se sombras daquilo que foram um dia. Perdiam a voz. Perdiam a liberdade. Perdiam tudo.  Alternativas não existiam. A lei era essa. O jeito era vencer as batalhas e subjugar o outro.  No caso de insucesso, muitos guerreiros preferiam a morte no campo de batalhas. A morte assegurava alguma dignidade. A escravidão nenhuma.
 Naqueles tempos primitivos, onde a vida se resumia a meia dúzia de convenções, tudo era muito simples. A submissão de um derrotado era algo justo, certo e incontestável. Não sobravam dramas de consciência e nem lamuriações quanto à injustiça da medida. Os deuses assim queriam e pronto. Não se falava mais nisso porque ninguém era louco em afrontar os deuses da guerra.

20/07/2017

Os dias frios


Os últimos dias têm sido implacáveis em termos de temperatura.  Os termômetros despencaram. De um improvável veranico de julho fomos jogados num inverno rigoroso, daqueles com direito a chuva, vento e neve no noticiário da tevê.  De camisetas e bermudas a blusões pesados, casacos e toda a parafernália que se encontrava guardada nos roupeiros de quem tem.
Na fruteira, um vento gelado entrava quase sem respeito pela porta da frente entreaberta. Os viventes encasacados, que aguardavam a hora de pesar suas cenouras, beterrabas, chuchus, aipins e batatas doces, encolhiam-se a cada lufada mais forte.  Alguém disse que saiu desprevenido.  Dentro de casa é quentinho. Saiu pela garagem. Dentro do carro também não sentiu muito bem a temperatura ambiente.  Achou que não era tão frio. Quando o nariz encarou o ar gelado, o arrependimento tomou conta do indivíduo. Havia colocado pouca roupa para o tamanho do frio que se apresentava.

05/07/2017

Conhecer a si mesmo

No mundo da filosofia há milhões de ideias, milhões de fórmulas e de receitas. Há remédio para tudo. Porém, entre todos os pensamentos, talvez o mais simples deles seja, também, o mais complexo.  Apesar de altamente conhecido, não há certeza sobre quem o pronunciou. Para muitos foi Tales de Mileto. Para outros tantos foi Sócrates, Heráclito ou Pitágoras. O aforismo grego “conhece-te a ti mesmo” é um desses pensamentos que se adaptam a inúmeras situações da vida e pode servir de passaporte para viagens intermináveis na busca pelo aperfeiçoamento do indivíduo.
Inscrita na entrada do templo de Delfos, construído em honra a Apolo, o deus grego do sol, da beleza de da harmonia, a frase aparece em inúmeras manifestações religiosas no sentindo de incentivar o mergulho interno do indivíduo.