Para muitos o dinheiro é o
responsável pela falência moral do homem. Aos olhos de quem assim vê, o
dinheiro é a mola que dispara os gatilhos da corrupção, da luxúria, das
gastanças desmedidas, da disputa pelo poder nas corporações e da aniquilação da
vida pela luta desenfreada por uma segurança que nunca chega.
Na verdade, o surgimento da moeda
é uma das marcas mais significativas da capacidade humana em criar soluções
simples para problemas complexos. Lá no
princípio da organização social, contam os historiadores, toda a atividade
econômica era baseada na simples troca: uma vaca por alguns sacos de cereal,
uma carroça por sacos de sementes, um pedaço de terra por um cavalo forte e bom
de trabalho.
Ocorre que este sistema, apesar
de eficaz no seu princípio, começou a dar sinais de esvaziamento, tendo em
vista que muitos dos produtos não são fracionáveis e também variavam de valor
conforme a época do ano e a oferta. Os produtos foram, então, trocados por
pedaços de metal, que podiam ser pesados e classificados conforme o grau de
pureza. Daí a dar uma forma de moeda ao
metal foi uma consequência natural.
Na Idade Média, o costume era
deixar com um ourives as moedas em troca de um recibo. Este documento era
cambiável. Daí surgiu o papel moeda.
Como se vê é bela a história da
invenção do dinheiro. Não poderia, um pedaço de papel representar todas as
mazelas sociais como a corrupção, a luxúria, a ganância ou a busca desmedida
pelo sucesso e por status.
O dinheiro, dizem muitos,
representa uma energia. E, como tal, é neutra. Não é o bem em si, mas, também,
não é o mal. Porém, o que o homem faz com dinheiro pode fazer a diferença. Qual
o sentimento de quem ganha o dinheiro? Qual o sentimento de quem gasta? Qual a
destinação que se dá?
A grande maioria das pessoas tem
menos do que desejam. Por outro lado, mesmo aqueles que muito dispõem podem
manter vivo o sentimento de que ainda não é suficiente. Isso porque, sempre
haverá mais alguma coisa onde gastar. Um projeto novo, um bem novo, um
investimento qualquer que, mesmo desnecessário, torna-se indispensável. Atrás disso, surgem novos questionamentos: o
que o indivíduo quer com a construção de sua fortuna? De que forma esta fortuna
foi construída?
Para o pensamento raso e
simplista, quase fundamentalista, o dinheiro é a raiz da desgraça. Para outros, materialistas e, da mesma forma
fundamentalistas, o dinheiro resolve: dá projeção, conforto e respeito. Sabemos
que ele não é uma desgraça e nem a divina graça.
Nas escrituras consta que o homem
comerá do suor do seu rosto. Ou seja, de seu trabalho sairá o fruto que deve
consumir. Com as técnicas desenvolvidas ao longo do tempo, como o crediário,
cartão de crédito, crédito instantâneo e outros, tornou-se comum que se coma
hoje com o suor que somente pingará no rosto dentro de alguns meses. São as
suaves prestações que se arrastam desequilibrando os orçamentos e gerando
desgaste.
Por trás de um simples papel
moeda há histórias e mais histórias de sucessos, fracassos, frustrações,
angústias e loucuras de toda a ordem. Afinal, o combustível que move a máquina
é valorizado. Sem ele a máquina não anda. Ela precisa andar. Quem tem põe. Quem
não tem?
Parabéns pelo texto enriquecedor!
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