Joseph Goebbles |
Uma
mentira repetida um sem-número de vezes vira uma verdade incontestável. Que o
diga Paul Joseph Goebbels, proeminente
Ministro da Propaganda de Adolf Hitler, que parafraseio na introdução desta
crônica. Com forte poder argumentativo, o político alemão percebeu que as
pessoas são manipuláveis e que a propaganda é a arma e a alma do negócio.
Naqueles tempos, quando nem o mais visionário dos loucos poderia antever um
mundo todo conectado por uma rede que despeja milhões de informações por
segundo, Goebbels usou os meios disponíveis: o rádio e o cinema. Com estas
ferramentas, abusou do discurso de ódio contra os judeus e contra as ideias
socialistas, dando força ao pensamento de superioridade da raça ariana.
Quem tem como única
fonte de informação os meios virtuais nos dias de hoje, pode constatar que
Goebbels venceu. Sim: a mentira prepondera. Nem sempre salta aos olhos. Às
vezes aparece disfarçada. Parece alguma salada que se consome até por indicação
médica, mas, que, lá na origem, vem embalada por fortes doses de agrotóxicos,
lançados por insuspeito agricultor mais interessado na beleza das folhas do que
na qualidade efetiva do produto. A lagarta morre. A planta sobrevive. Mas, o
veneno vem para a mesa. A saúde claudica ao longo do tempo. Porém, o dinheiro
já circulou, gerou impostos e empregos. O mercado ficou satisfeito. E tudo
parece que estava certo. Mas, não tava.
O deputado Jean Willys é
uma das vítimas mais assíduas da brasileirada virtual. Toda semana sai algum
escândalo. Disseram dias desses que ele estava lançando um filme onde Jesus de
Nazaré era gay. Os frenéticos defensores da moral, com alguma ingenuidade ou,
talvez, com doses de veneno disfarçado, compartilharam e botaram a boca no
trombone. Alguns dias depois o mesmo deputado foi vítima de outro boato que
dizia que ele e um artista transexual fariam uma turnê pelas escolas públicas
do país num programa de esclarecimento sobre orientação sexual. Nossa Senhora!
O plantão moral de novo se arregimentou. De novo, ingênuos e raivosos fizeram
uma coligação. E dá-lhe manipulação.
Outra que sofre na mão
do pessoal da direita e dos venenosos é a Maria do Rosário. Toda a semana tem
algo novo e falso sobre ela que atuou certo tempo na Secretaria de Direitos
Humanos no Rio Grande do Sul. Direitos Humanos, como se sabe, soam muito mal
para uma parcela da sociedade.
Ocorre aqui o que os
pensadores definiram como pós-verdade. Não importa se a informação que envolve
Jean Willys e Maria do Rosário, ou uma personalidade qualquer, seja verdadeira
ou não. Importa que eu não gosto deles porque diferem da minha orientação
sexual, política, clubística, racial ou outra qualquer. Então vou compartilhar,
mesmo sabendo que existe uma chance considerável de que esteja divulgando uma mentira.
Que mal há nisso?
Há alguns dias, um desses
cantores sertanejos (juro que não lembro o nome) veio na imprensa e disse que
não houve ditadura militar no Brasil. Pimba! O negócio fez sucesso como tudo o
que é sertanejo faz por estas terras. Para muitos foi um copo d’água num
momento de sede. Compartilhar era necessário.
E assim vai a carroça.
Avança em tecnologia retrocede no mundo das ideias. O Facebook diz que está
cuidando para evitar que os boatos se transformem em verdades. Mas, como se vê,
não tem tido muito sucesso. Os algoritmos fazem com que o usuário receba
informações que estão de acordo com seu perfil, retroalimentando um só
discurso. Para alguns pensadores, deveria ter a rede social um grupo editorial
formado por humanos que classificasse as informações e afastasse a verdade da
mentira. Alguém acredita nisso?
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