Gaúcho, na visão de Debret, século XIX |
Alguns afoitos, talvez impulsionados pelos sentimentos de
superioridade e pelo ímpeto de gabolice que sempre imperou por aqui,
sentiram-se atraídos pelas teses separatistas. Há algumas décadas
movimentos como o Sul é o Meu País eram levados a sério. Santa
Catarina e Paraná não se entusiasmaram tanto. Os gaúchos ficaram
tentando incluí-los sem sucesso. Enquanto isso, os dois estados
vizinhos avançaram e a gauderiada ficou para trás. Teve, como se
diz popularmente, um crescimento de rabo de cavalo: para baixo.
Hoje se sabe que as bravatas vão ficando para trás. Alguns de
nossos políticos estão no meio da lama tanto quanto nordestinos,
paulistas e mineiros. Os salários dos servidores públicos,
baixíssimos em relação aos demais estados, vão pingando em
pequenas parcelas na conta negativa do banco estatal. Dar calote e
pagar juros virou coisa rotineira acabando com a estima e com a saúde
de quem trabalha nos serviços do Estado. Se o patrão não paga o
empregado não tem como pagar. E as lojinhas vão fechando porque não
vendem. E o ICMS vai minguando, e, com isso, os municípios têm
menor retorno reduzindo, por absoluta necessidade, o número de
consultas no posto de saúde, de exames laboratoriais, parcelando os
salários de seus funcionários etc etc etc.
O orgulho e a vaidade foram para as cucuias. Professores em greve,
escolas paradas, tudo à lá meia boca. Para muitos, o que resta é
compartilhar uma mensagem fake do Arnaldo Jabor, onde o antigo
cineasta e hoje colunista no centro do país, elogia o modo gaudério
de ser desfilando pérolas como essa: "Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço".
Como o elogio de Jabor não tem origem em nenhuma página assinada por ele, é mais do que provável que seja mais um desses embustes que crescem na internet. Não é preciso muito talento nem uma inteligência aguçada para crer que o referido elogio foi escrito por algum gaúcho ainda saudoso dos tempos em que os CTGs eram tidos como a grande expressão cultural do nosso povo.
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