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"Até pouco tempo atrás imperava a fantasia de que o brasileiro é um ser pacífico e que não levava em conta as diferenças pessoais. Ou seja, imperava por aqui um sentimento de democracia racial plena, um exemplo para o resto do mundo".
Sou tentado a afirmar que não existem raças. Que etnias são
simplesmente definições culturais para reunir povos pelas suas características
físicas. Que só existe uma espécie humanoide na Terra: o ser humano. Mas, quem
entende do assunto, diz que, mesmo não havendo razões científicas para a
separação do homem em grupos, ainda assim, não há porque prescindir do conceito
de raça.
O professor Dr. Kabengele, congolês, diretor do Centro de
Estudos Africanos, da USP, de São Paulo, ressalta que, “embora alguns biólogos
antirracistas tenham chegado a sugerir que o conceito de raça fosse banido dos
dicionários e dos textos científicos, ele persiste tanto no uso popular como em
trabalhos e estudos produzidos na área das ciências sociais. O uso justifica-se
como realidade social e política, considerando a raça como uma construção
sociológica e uma categoria social de dominação e de exclusão”.
O tema felizmente vem sendo
discutido no país. Até pouco tempo atrás imperava a fantasia de que o
brasileiro é um ser pacífico e que não levava em conta as diferenças pessoais.
Ou seja, imperava por aqui um sentimento de democracia racial plena, um exemplo
para o resto do mundo. Hoje, com o advento das redes sociais, mostra-se cada
vez mais que a ignorância é muito maior do que se imagina. O que era velado,
agora transborda.
Uma atriz global que, numa
análise rasteira pode parecer que não enfrenta qualquer problema de aceitação
social, eis que bela, talentosa e, aparentemente, bem sucedida, denuncia que
seu filho com certeza há de causar mal-estar em outros seres, que se verão
impulsionados a mudar de calçada para não encontrá-lo. Foi execrada por gente
comum e até por alto dirigente de estatal.
É certo que, infelizmente, existe
um crescimento nestas teses que fortalecem o poder das camadas dominantes,
cristalizando um discurso de predomínio da supremacia branca e rica. Contribui
para isso, é claro, certo despreparo calculado de incrementar políticas de
igualdade nas escolas públicas e privadas.
O professor Dr. Kabengele, ressalta que,
apesar de existirem as leis 10.639 e 11.645 que tornam obrigatório o ensino da
cultura, da história, do negro e dos povos indígenas na sociedade brasileira,
criando uma educação multicultural, o panorama de racismo no país não avançou
muito nos últimos tempos. “As leis existem, mas há dificuldades para que
funcionem. Primeiro é preciso formar os educadores, porque eles receberam uma
educação eurocêntrica. A África e os povos indígenas eram deixados de lado. A
história do negro no Brasil não terminou com a abolição dos escravos. Não é
apenas de sofrimento, mas de contribuição para a sociedade”.
Se tem coisa que nos aproxima do primeiro
mundo é o racismo. Até algum tempo atrás ele era disfarçado. Agora não.
Temos racismo, e também temos preconceito social. Está arraigado de forma explícita ou subliminar em todos nós, pelas questões históricas como citas. É no mundo todo. Só com muita perseverança, a começar em nós individualmente, e em sociedade, que realmente poderemos dizer que não há discriminações .
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