22/11/2017

Onofre não precisava de dinheiro

Nestes tempos de tanta variedade, de ofertas abundantes, de buscas incessantes e de produção ininterrupta, não há orçamento que chegue. Quem tem precisa mais porque todos os dias surgem coisas novas, produtos atualizados que vão tornando outros obsoletos da noite para o dia. Quem não tem assiste a tudo e se contenta. Ou não!
A sociedade atual é baseada na informação. E a geração de conteúdo não para. Ninguém dorme. Aliás, dorme sim. Mas, sempre haverá alguém em algum lugar do planeta produzindo informações que precisarão ser jogadas na rede para atualizar os sistemas. Aplicativos, sistema de segurança, notícias, vídeos, filmes, imagens, comentários, informações falsas e uma infinidade de coisas que atravessam o mundo num piscar de olhos.
Como a informação se renova numa velocidade descabida, tudo o mais também tem necessidade de renovação. O novo fica velho rapidinho. A mudança é permanente. Assim, para o antenado, dormir já é um desperdício porque o mundo não dorme.  Quem acha que está fora de tudo isso, engana-se. Esse movimento incessante de algum modo vai exigir atualizações de todo o mundo, podendo mesmo chegar à produção do veículo, da geladeira, do barbeador, do macarrão e de tudo o que há para ser vendido. E os custos vão sendo repassados, porque as grandes corporações não estão aí para fazer caridade. Então, quem acha que não está nem aí, acaba também pagando a conta.
Em alguns lugares do mundo, o minimalismo vem sendo adotado. Normalmente, por jovens ultra-espertos que estão cansados de gastar muito por coisas sem sentido. Desejam um mundo sem tantas coisas, com mais simplicidade, possibilitando assim maior mobilidade.  Há até quem carregue sua casa dentro de uma mala. Dormem em hotéis, almoçam em restaurantes e andam pelo mundo afora. Vivem com pouco, muito pouco.
O precursor do minimalismo foi Onofre, do Egito. Mas, era radical o antigo monge. Segundo consta, Onofre viveu durante quase 70 anos como eremita no deserto. Certa vez, um abade, chamado Pafúncio,  aventurou-se pelo deserto para ver como seria sua vida se optasse por um longo retiro. Na jornada, encontrou um velho de longos cabelos e barbas brancas, usando como roupas tão somente um trançado de folhas. Encantou-se Pafúncio.
Entre as lendas, conta-se que Onofre comia tão somente aquilo que lhe chegava às mãos após a realização de um pedido a Deus.  Um anjo trazia o alimento para matar sua fome. Nestes tempos, onde a corrupção é regra, até Onofre vem sendo corrompido. Logo ele, que era pouco levado aos anseios materiais, aparece na internet como um santo capaz de fazer brotar dinheiro (vejam só) nas mãos dos desesperados.

Sendo bem sincero, não creio que isso trará algum resultado prático, mas se algum desesperado acreditar, que faça bom uso das palavras que seguem: “Glorioso Santo Onofre/quando pelas montanhas andaste/Jesus cristo encontraste/três pedidos lhe fizeste:/dinheiro para o meu bolso/ pão para a minha boca/ roupa para o meu corpo (repetir três vezes). Mas, atenção, tem que ter fé. Muita fé!

Saiba mais:

Nenhum comentário:

Postar um comentário