"O mundo cresce em tecnologia. As coisas ficam mais
fáceis. Mas, o homem continua sendo o que sempre foi: um ser em
constante construção. Um ser inacabado que conhece muito sobre
muita coisa e pouco sobre si mesmo. O mundo tecnológico, com suas
facilidades, torna-se facilmente um mundo de distração".
As
últimas décadas foram pródigas em avanços tecnológicos. Nada
disso foi por acaso. A corrida espacial levou ao desenvolvimento dos
satélites. Os satélites, por sua vez, levaram a um melhoramento
inimaginável nas comunicações. Com isso, os telefones saíram da
sala e viraram item obrigatório nas mãos do pobre, do remediado e
do rico. Nem artigo de luxo é. É de primeira necessidade. Telefone
é tudo junto reunido: rádio, tevê, cinema. E muito mais do que
isso.
Não
faz muito, uma ligação telefônica era uma coleção de chiados.
No meio disso, vez por outra ouvia-se alguma mensagem válida. Uma
rede que iniciava numa mesa e seguida por cabos e fios levava as
mensagens de um lado a outro. Hoje o telefone o que menos leva é a
voz. Transporta imagens, músicas, traça rotas para turistas,
reserva bilhetes para o cinema e mesa no restaurante, com direito a
escolha de cardápio e forma de pagamento. Atualiza o gol do time, o
capítulo da novela e as notícias que interessam a alguns, as
curiosidades do falso mundo das celebridades e as novidades de um
mundo frenético que não tem tempo para descanso nem um mínimo
segundo. Enfim, um só aparelho é capaz de colocar o mundo todo na
mão de uma pessoa com tudo o que há de bom e de ruim.
Tudo
isso era impensável para o humano comum. Só os autores de ficção
científica poderiam prever mudanças significativas como estas.
O
mundo ficou pequeno. Porém, com tudo isso, o homem não se tornou
maior. O homem é o mesmo de antes. Com uma diferença básica: conta
com um meio mais eficiente e rápido para suas práticas. Os avanços
das comunicações que possibilitam a realização de cirurgias
delicadas com grande grau de precisão, também facilitaram os
exércitos de fanáticos que explodem aqui e ali, gerando pânico,
incerteza e medo em vários pontos do planeta. Ou seja, o homem é
capaz de usar seus avanços tecnológicos tanto para facilitar a vida
como para criar tantas outras dificuldades aos seus semelhantes.
Creio
que essa é uma das principais características humanas: dar largos
passos à frente e, depois de um tempo, voltar alguns passos atrás.
Felizmente, os passos atrás são menores e o que fica é o progresso
que se impôs. É uma impressão pessoal. Acredito que muitos pensam
muito diferente. Afinal, há os totalmente otimistas que enxergam
insistentemente o lado bom das coisas. Há os pessimistas que
lamentam o dia do aniversário porque ele representa menos tempo de
vida. Há os realistas que acham que nem tanto o otimismo nem tanto o
pessimismo, mas sim o que deve ser focado é o real que se revela
diante dos olhos da maioria das pessoas. Há outras formas de
pensamentos que seria impossível nestas poucas linhas nominar as
correntes e as ideias que se defendem consciente ou
inconscientemente.
Uma
coisa é certa. O mundo cresce em tecnologia. As coisas ficam mais
fáceis. Mas, o homem continua sendo o que sempre foi: um ser em
constante construção. Um ser inacabado que conhece muito sobre
muita coisa e pouco sobre si mesmo. O mundo tecnológico, com suas
facilidades, torna-se facilmente um mundo de distração. Há muita
coisa para se fazer. Há muito conhecimento no ar. Tudo está
disponível. O homem, porém, para conhecer a si mesmo nem precisa de
tanto. O mergulho interno dispensa tecnologia. É primitivo, arcaico,
simples, rústico. Talvez por isso não desperte tanta atenção
assim.
A tecnologia trouxe mudanças, facilidades, mas o homem continua com dificuldades para seu crecimento pessoal.
ResponderExcluirAssim é. Infelizmente!
ExcluirMuito bem exposto, caríssimo. Otimismo, sempre.
ResponderExcluirAbraço Marcelo. Continue nos prestigiando.
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