Minha
mãe não contava histórias de boi da cara preta nem de bicho papão.
A vida era dura e ela não tinha tempo para isso. Os tempos eram
outros como são sempre outros os tempos que se vão. O mundo era
mais simples. Vivia-se com menos. Muito menos do que se tem hoje. Na
verdade, vivia-se como dava.
No
caso dela, mulher, pobre, cheia de filhos, a vida nunca foi um conto
de fadas, da Cinderela ou da princesa. Sempre havia coisas mais
importantes a fazer: uma roupa para lavar, um pão no forno assando,
uma casa para varrer, alguns filhos para cuidar, buscar água no
poço, juntar lenha para o fogão. Assim, não sobrava tempo para
ensinar a filharada a ter medo. Além disso, era econômica nas
palavras. Não era de muitos rodeios. Porém, quando falava acertava
o alvo.
Gostava
de repetir aquilo que tinha certeza. Mais de uma vez disse que só
tinha uma coisa que ninguém tirava da gente: estudo. Queria dizer
educação, cultura, formação, sabedoria. Cresci acreditando nisso.
Creio até hoje. Sem educação não há futuro.
Porém,
hoje há muita diversão, muita informação, muitos meios de
distração. E pouco base. Pouco conhecimento. Bastam duas, três,
quatro manchetes para que se cravem certezas. Todo o mundo sabe tudo.
Conhecido comunicador disse certa vez que estudou mais de cincoenta
anos e agora aparecem meninos de dez anos ou pouco mais nas redes
sociais dizendo discordo disso e daquilo. É a maravilha das redes
sociais: a cristalização do “eu acho”, do “eu discordo”.
Educação que é bom, nada! Conhecimento é blá-blá-blá, é
mimimi.
Alguns
dirão que é a democracia, o direito de manifestação etc e tal.
Qual nada, ainda não foram derrogadas algumas regrinhas tão comuns
na antiguidade, mas que caíram em desuso. Primeiro: quem não sabe
deve ouvir primeiro. Segundo: pesquisar em alguma fonte confiável
não é feio. Terceiro: depois de ampla análise, aí sim, embasado
em algum lastro reconhecido no mundo do conhecimento pode-se dar seu
veredito. Observando-se minimamente essas regrinhas, reduziriam-se os
achismos e os “discordismos”.
O
professor na sala de aula afirma que “Platão concebeu o mundo em
duas dimensões: o mundo sensível e o mundo inteligível”. Explica
que o mundo sensível é o mundo das ideias, o mundo primitivo de
onde surgem todas as outras coisas. Vai além, dizendo que as coisas
surgidas a partir das ideias não são perfeitas. Mas sim, cópias
imperfeitas das ideias originais. Descreve a importância deste
pensamento no mundo da filosofia quando é interrompido pelo aluno:
“Professor, nada a ver. Isso é muito confuso. Discordo deste
Platão!”.
Ah,
minha mãe também gostava de dizer algumas frases prontas, alguns
ditados populares. Um deles, que repetia quando a filharada falava
sem pensar, era: em boca fechada não entra mosca. Nada filosófico.
Mas, vez por outra muito apropriado.
Candidatos
– Realizam-se as convenções partidárias para definir os
candidatos a presidente, governadores, vices, senadores e deputados.
Como disse, não fui criado para ter medo. Porém, ao ler na imprensa
determinadas manifestações de possíveis governantes temo pelo que
vem pela frente. Afinal, como diz uma das Leis de Murphy: “Nada é
tão ruim que não possa piorar”.
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