O riso é uma manifestação humana.
Mas, diferentemente do que acreditava-se: não estamos sós. Os macacos riem. Os
filhotes de ratos quando brincam emitem uma sonoridade que pode ser
identificada como riso, segundo pesquisadores. Os bebês riem aparentemente sem
motivos.
Mas, nem sempre o riso foi
valorizado. Um dos personagens da obra O Nome da Rosa, de Humberto Eco, que foi
adaptado para o cinema nos anos 80, um monge atormentado pela dicotomia da fé
no salvador e o medo do inferno pelo cometimento de pecados, dizia em alto e
bom som que rir é uma manifestação do demônio. Se bem me lembro, dizia o
personagem que o homem que ri se aproxima dos macacos. De certo modo, entendia
que rir é um péssimo negócio para quem buscava salvar a alma.
Hoje, diante de inúmeros estudos,
valoriza-se o riso não só como uma manifestação de alegria, de felicidade, de
aprovação, mas sim como um componente de interação social. Quem nunca disfarçou
um riso (amarelo que seja) quando a situação era mais para um belo choro?
O riso também é uma arma. Segundo
consta, o riso serve para demonstrar claramente que estamos em missão de paz.
Com isso, cria-se uma verdadeira ponte para um comportamento amigável,
inclusive com desconhecidos. O filósofo John Moreall, analisando o
comportamento de chefes de tribos e de empresas, concluiu que o riso também
serve para o indivíduo dominante imponha um clima de controle emocional do
grupo. A experiência confirma: quando o chefe ri é de bom tom que a galera
também ria. Com moderação, afinal, gargalhadas em excesso podem virar o fio da
navalha.
Não é por nada que as comédias
são tão apreciadas desde o teatro antigo. Uma boa comédia tem seu valor.
Afinal, desde as trapalhadas do talentoso Charlie Chaplin sabe-se que rir de
coisas aparentemente tolas é um bom exercício para melhorar o dia. Uma boa
piada, uma sátira, um a situação inusitada como uma pegadinha na tevê. Riso e humor diminuem estresse e ansiedade, reforça a
imunidade, relaxa a tensão muscular e diminui a dor. Nos dias atuais, palhaços,
mágicos e atuadores invadem hospitais para alegrar os pequenos pacientes e
trazer um pouco de relaxamento nestes ambientes que, em regra, são tão frios e
desestimulantes.
Enfim,
tudo isso sinaliza que a máxima rir é o melhor negócio é realmente correta. Que
digam isso os famosos comediantes que constroem verdadeiras fortunas fazendo os
outros rir. Aliás, os tempos são outros e também os costumes. Hoje,
diferentemente do passado, os comediantes levam aos palcos a sua própria existência
para fazer graça. Os craques do stand up encontram graça nas suas desgraças,
riem de si mesmo, gozam de sua ignorância e de seus medos. Rir do fanho, do
gago, do negro, do gay, dos velhos é coisa do passado. Rir de si mesmo parece
ser o melhor remédio. O que hoje aparentemente se configura numa tragédia pode
ali na frente virar uma bela comédia.
MAIS SOBRE O RISO:
E o povo brasileiro dá exemplos de como o humor é importante para a existência. Nos dias de hoje, 2019, temos no RS uma ótima safra de humoristas.
ResponderExcluirSalve, salve quem sabe rir de si e fazer os outros rirem também.
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