12/07/2018

A ilusão do esporte

Tsu Chu, jogo de bola chinês:
espécie de futebol primitivo

O esporte é uma fantasia. É entretenimento. É diversão. Não é tão sério assim. Um jogo é só um jogo. Nada mais. Seja vôlei, basquete, tênis de mesa, salto em distância, salto com vara, beisebol, handebol. Não interessa onde tenha surgido. O esporte é uma fantasia humana. Dispensável para quem não está no meio, para quem não entende as regras, para quem está preocupado com outras coisas.  É certo que há coisas bem mais importantes do que um sujeito correndo atrás de uma bola ou conduzindo uma bola quicando pelo chão e se livrando da marcação de outros grandalhões para arremessá-la num cesto.
Quem assim pensa pode estar enganado. Se precisar de uma prova, pergunte para um amante do basquete o que ele acha das disputas acirradas por uma bola, por um arremesso, por um cesta. É uma idiotia todo aquele esforço? Não tem coisa mais importante para fazer? Pergunte para um amante de corrida qual a emoção de assistir uma maratona. Que graça tem um monte de gente correndo e suando para chegar à frente? Tudo por uma medalha?
O futebol não foge à regra. São bilhões de pessoas em todo o planeta que se deliciam com um jogo aparentemente simples onde vinte e dois indivíduos correm de modo organizado ou não para marcar ou evitar um gol.  Claro, hoje todos os esportes são ao mesmo tempo diversão e negócio. Há canais de televisão que transmitem tudo. Nos tempos em que o senso comum permitia, havia até competição de lançamento de anões. E havia gente que apostava nisso. O politicamente correto, que às vezes leva a exageros, neste caso foi importante e baniu este tipo de joguinho que avilta o indivíduo.Outra coisa é o uso político que se faz do esporte. Ou a corrupção que envolve federações, confederações, detentores de direitos e dirigentes esportivos. Mas, isso não é culpa do torcedor e nem dos atletas, preparadores físicos, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, fisiologistas, roupeiros, massagistas e uma turma enorme que lida diariamente para criar condições para que os envolvidos mostrem seu talento. 
No fundo a essência do futebol é infantil. Uma guerra infantil. Um jogo como tantos outros. Simples na forma e complexo quando envolve alto rendimento e cifras extraordinárias. Um jogo de futebol é uma obra coletiva. É guerra, é brincadeira, é coisa séria, é negócio. Mas, é zoação também.  Uma flauta no adversário que perdeu feio e foi eliminado da competição é coisa normal. Desde que a recíproca possa ser verdadeira.
O futebol como esporte é belo. É divertido. Concordo que quando envolve muitas variáveis, muitos interesses, vai perdendo um pouco do brilho. Mas, o olho de quem está na planície, em regra, não é capaz de enxergar o que ocorre longe dos gramados. Pudessem os torcedores vivenciar os bastidores do futebol (e de outros esportes) menos graça haveria em sentar à frente da televisão para apreciar um joguinho desses da Copa do Mundo.  
A ignorância, neste caso, contribui para que a ilusão seja plena. Como tudo, aliás. Quem sabe se torna mais exigente. E quanto maior a exigência maior possibilidade de desencanto.  

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