07/08/2018

A necessidade do controle


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"O universo vasto, desconhecido e imensurável não combina com a necessidade que se tem de ter sempre razão, de impor a opinião num debate ou prever a ira de Deus contra esse ou aquele".


Os comentários nos sites da internet talvez revelem, de maneira mais cristalina, a disparidade de pensamento das pessoas. Ali é possível, por exemplo, entre xingamentos e zoações, navegar de zero a cem, do céu à terra em termos de opiniões e posturas existenciais. Claro que nem sempre se tem paciência para dar uma averiguada em como a tigrada está pensando sobre os grandes temas de humanidade.
Creio que não é de hoje: arrisco até afirmar que o homem sempre agiu deste jeito, tentando demonstrar uma certeza, tentando mostrar que ele tem razão. Na religião isto é muito claro. Os europeus sempre acharam muito estranho que outros povos, como os africanos e americanos, tivessem seus próprios totens, homenageassem seus ícones e não seguissem o caminho que parecia ser o certo, o da salvação.
O caso era sério. Tanto que deu origem às expedições religiosas para tirar os infames indígenas do inferno que viviam. Mal sabiam eles, os jesuítas, que toda esta integração acabaria por levar os silvícolas ao extermínio e não ao céu prometido.
Mas, morreram também os religiosos acreditando que estavam fazendo o certo, afinal estava escrito que assim deveria ser. Se as escrituras estabeleciam determinadas coisas, não havia como ser diferente. Isto nos leva, decisivamente, às noções de certo e de errado. Faz mais ou menos uns vinte anos que comecei a me interessar por leituras não dogmáticas. A Doutrina Espírita abriu as portas.
Apesar de entender e compreender os princípios, havia em algo que me deixava intrigado. Há muitas moradas na casa de meu Pai. A espiritualidade, diante dessa passagem bíblica, traduzia para inúmeras possibilidades de existências e de possibilidades infinitas de existência de outras formas de vida. Calma lá, pensava eu, ainda centrado em cima de razoável e justificável desconfiança.
O tempo passou e não restam mais dúvidas. Nos últimos dez anos o conhecimento sobre astronomia deu um salto incalculável. Hoje afirmam os conhecedores que há probabilidades de que existam cerca de alguns quatrilhões de estrelas o universo, sendo que muitos destes sistemas podem ter a configuração muito semelhante com a Via Láctea, onde nosso sistema solar se encontra. Dia desses, assistindo a um documentário sobre ciência e vida espacial, foram unânimes os entrevistados: há muitas moradas sim. Há muitos seres vivendo no universo. Como são? Onde estão? O que fazem?
Duas respostas são dadas. Primeira: não desejam contato porque a raça humana ainda está num estágio muito atrasado. Segunda: não desejam contato porque conhecem nosso passado, nosso presente e nosso futuro e não há nenhuma vantagem em contatar conosco.
De algum modo, estas informações colocam em cheque muita coisa que se toma como verdade nos dias de hoje. A primeira delas é a certeza de que a humanidade está no controle. Qual nada! Não há controle. O universo é vasto. É muito maior que se imagina. Talvez até seja infinito. Além disso, pouco sabemos sobre o que está acontecendo ao nosso redor. Ainda hoje, com tudo que se conhece, ainda é forte o pensamento de que o Criador está atento o tempo todo para punir aqueles que não se enquadram nas regras rígidas contidas num ou noutro livro.
O universo vasto, desconhecido e imensurável não combina com a necessidade que se tem de ter sempre razão, de impor a opinião num debate ou prever a ira de Deus contra esse ou aquele. Talvez estejamos perdendo tempo criando amarras e impedindo que os seres voem, se libertem dos medos que aprisionam. Talvez nem seja necessário mesmo ter razão. Talvez o que importe seja ser feliz. Quem sabe?

2 comentários:

  1. Virtuoso texto amigo. Algumas porções da humanidade ainda tem essa visão limitada da vida. Mas como cada um tem seu caminho, cabe segui -lo, convidando a outrem a oportunidade de ser mais feliz.

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    Respostas
    1. Certo, Marcelo: estamos todos em estágios diferentes. Aqui impera a individualidade. O controle é dispensável. Não somos os donos do processo existencial,logo...

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