Um debate vez por outra não faz mal a ninguém. Se for sobre
algo irrelevante é até divertido. Quem jogou mais: Pelé ou Maradona; Maradona
ou Messi; Pelé ou Messi? Se a discussão envolver gente mais vivida, que teve a
honra de assistir, mesmo em videotape ou nos documentários do Canal 100, no
cinema, Pelé ganhará de lavada. Se o debate for na terra de Gardel, o caso muda
de figura. Racionalmente, porém, sabemos que não dá para comparar coisas de
grandezas diferentes, de tempos diferentes. Como se dizia há algum tempo: cada
um no seu quadrado.
Nos
dias atuais, no entanto, há um fascínio exagerado, quase obsessivo, de manter
discussões intermináveis sobre determinadas questões que parecem ser os grandes
problemas de humanidade. O tatame onde estas quase lutas se arrastam são as
redes sociais. Uma das técnicas mais usadas nesta guerrinha virtual é
desqualificar radicalmente o argumento do outro. Se houver insistência: soltar
o verbo recheado de impropérios, procurando criar constrangimento ao oponente.
Já faz algum tempo que desisti de
participar deste circo. De vez em quando me permito, à título de
esclarecimento, responder alguma postagem com um link que demonstra que a
notícia é fake. Um boato qualquer criado para caçar compartilhamentos e visualizações.
Alguns, ainda assim sentem-se ofendidos. Preferem manter a verdade inventada
ativa a sepultar uma mentira evidenteDebates acalorados não se restringem ao meio virtual. Daqui a pouco iniciará a campanha eleitoral. Engano meu: já começou. Faz pelo menos uns quatro anos. Mas, com certeza, dentro de mais alguns meses o tom subirá muito decibéis. Acusações, ataques, agressões serão mais que comuns. Nervosismo no ar. Imagens manipuladas, como sempre, transformarão ogros em príncipes. Emoções a mil. Falsidades na tevê vendidas como produtos de primeira qualidade.
De certo modo, por mais distante que o indivíduo queira ficar, sempre aparecerá uma ou outra questão esperando por um bom debate. Um ping-pong básico. Argumento daqui e contra-argumento de lá. Porém, não é de todo impossível que o debate venha a ficar chatinho, se arrastando por tempos intermináveis gerando desconforto. Nestes casos, a sabedoria do velho mestre Millôr Fernandes poderá enterrar de vez a gana destruidora do oponente. Segundo ele, quando a conversa degringolou e nenhum argumento seu fará qualquer diferença no convencimento do outro, há uma forma sutil e inteligente de acabar com a bateção de boca. São palavras mágicas que acabam com a conversa: “Você tem razão!”
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