24/11/2018

Tombos e tropeços

"Uma das maiores características dos dias de hoje, apesar do excesso de fontes de informação, é justamente a falta de informação de qualidade."

Nunca se produziu tantas notícias quanto nos dias hoje. O planeta ficou pequeno demais para atender à demanda da comunicação em massa. A Terra, às vezes, parece uma pequena aldeia. Num passado não muito distante a notícia chegava a cavalo. Sim, era desta forma que o jornal se deslocava de sua sede até as mãos do leitor que morava no recanto mais distante. O rádio veio a agilizar a chegada da informação. As ondas não necessitam do lombo do cavalo para chegar até o ouvinte. Bastava um receptor, uma antena e o locutor levava ao respeitável público o que de novo acontecia na cidade, no estado, no país e no mundo. A tevê veio bem mais tarde. Demorou para se tornar popular.

Nos tempos de instantaneidade, as notícias são atualizadas minuto a minuto. E haja fatos. Porém, os sites de notícias dão um jeitinho para requentar os acontecimentos tornando novinhos em folha as coisas que já se passaram. A mais nova mania é “causar”. As pretensas celebridades são a bola da vez. Já vi manchetes no estilo: “fulana de tal vai a casamento com vestido de tantos mil”; “Joaninha da Silva usa bermuda de tantos mil reais para ir à praia”; “Patricinha de Tal usa anel de tantos dinheiros”; “Marinilda Gonzaga, da dupla Marinilda e Marinalda, perde tantos quilos em um mês. Haja criatividade. A pergunta que não quer calar: alguém lê isso? A resposta óbvia: “claro que sim, senão não publicavam!
Além das notícias inventadas, outra forma comum é o uso das redes sociais. Claro que na pequena escala é uma grande ferramenta de informação. A formatura do amigo, o aniversário do parente, as amenidades da vida que não cabem no jornal, no rádio, na tevê e nem no site, encontram espaço na rede social. O problema é quando o “gentaredo” mistura tudo. Aí começa o atropelo. Opinião vira notícia, vontade vira verdade e forma-se o maior banzé. Um verdadeiro balaio de gatos.
Uma das maiores características dos dias de hoje, apesar do excesso de fontes de informação, é justamente a falta de informação de qualidade. Pode parecer estranho, mas nunca se divulgou tanto, nunca se escreveu tanto, nunca se debateu tanto. Mas, mesmo assim, nunca se soube tão pouco dos fatos quanto nos dias atuais. Muito embora todo o mundo possa posar de “expert” em tudo no mundo virtual, revela-se pouco domínio das coisas básicas. Afinal, não basta dar um Google para se tornar especialista em algo. O mundo virtual mostra alguma coisa, mas suprime uma infinidade de outras coisas.
A massificação da informação, por si só, é um benefício. É a democracia plena. Todos têm acesso. Porém, o que se faz com isso nem sempre é muito interessante. Os resultados nem sempre atendem ao interesse da maioria. No fundo, talvez estejamos apenas engatinhando. Passos mais firmes devem ser dados ali na frente. Nesta caminhada tombos e tropeços são normais. Fazem parte do processo.

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