"Uma das maiores características dos dias de hoje, apesar do excesso
de fontes de informação, é justamente a falta de informação de
qualidade."
Nunca se produziu tantas notícias quanto nos dias hoje. O planeta
ficou pequeno demais para atender à demanda da comunicação em
massa. A Terra, às vezes, parece uma pequena aldeia. Num passado não muito distante a notícia chegava a cavalo.
Sim, era desta forma que o jornal se deslocava de sua sede até as
mãos do leitor que morava no recanto mais distante. O rádio veio a
agilizar a chegada da informação. As ondas não necessitam do lombo
do cavalo para chegar até o ouvinte. Bastava um receptor, uma antena
e o locutor levava ao respeitável público o que de novo acontecia
na cidade, no estado, no país e no mundo. A tevê veio bem mais
tarde. Demorou para se tornar popular.
Nos tempos de instantaneidade, as notícias são atualizadas minuto a
minuto. E haja fatos. Porém, os sites de notícias dão um jeitinho
para requentar os acontecimentos tornando novinhos em folha as coisas
que já se passaram. A mais nova mania é “causar”. As pretensas
celebridades são a bola da vez. Já vi manchetes no estilo: “fulana
de tal vai a casamento com vestido de tantos mil”; “Joaninha da
Silva usa bermuda de tantos mil reais para ir à praia”;
“Patricinha de Tal usa anel de tantos dinheiros”; “Marinilda
Gonzaga, da dupla Marinilda e Marinalda, perde tantos quilos em um
mês. Haja criatividade. A pergunta que não quer calar: alguém lê
isso? A resposta óbvia: “claro que sim, senão não publicavam!
Além das notícias inventadas, outra forma comum é o uso das redes
sociais. Claro que na pequena escala é uma grande ferramenta de
informação. A formatura do amigo, o aniversário do parente, as
amenidades da vida que não cabem no jornal, no rádio, na tevê e
nem no site, encontram espaço na rede social. O problema é quando o
“gentaredo” mistura tudo. Aí começa o atropelo. Opinião vira
notícia, vontade vira verdade e forma-se o maior banzé. Um
verdadeiro balaio de gatos.
Uma das maiores características dos dias de hoje, apesar do excesso
de fontes de informação, é justamente a falta de informação de
qualidade. Pode parecer estranho, mas nunca se divulgou tanto, nunca
se escreveu tanto, nunca se debateu tanto. Mas, mesmo assim, nunca se
soube tão pouco dos fatos quanto nos dias atuais. Muito embora todo
o mundo possa posar de “expert” em tudo no mundo virtual,
revela-se pouco domínio das coisas básicas. Afinal, não basta dar
um Google para se tornar especialista em algo. O mundo virtual mostra
alguma coisa, mas suprime uma infinidade de outras coisas.
A massificação da informação, por si só, é um benefício. É a
democracia plena. Todos têm acesso. Porém, o que se faz com isso
nem sempre é muito interessante. Os resultados nem sempre atendem ao
interesse da maioria. No fundo, talvez estejamos apenas engatinhando.
Passos mais firmes devem ser dados ali na frente. Nesta caminhada
tombos e tropeços são normais. Fazem parte do processo.
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